segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Old mexican joke transformed..

Hey, Peter, I think the country is gone!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

VLG.

O nosso ministro das Finanças Vítor Louçã Gaspar é casado com uma colega do BdP. Espero que ele se contenha e nos tempos mais próximos  não lhe faça juras de dedicação e fidelidade, pois à taxa de engano que as suas declarações estão a ter - rondando os 100% - e evito cuidadosamente usar a palavra mentira, ao primeiro protesto de amor eterno leva com os trapinhos à porta!

JCJ.

Já nem o Luxemburgo nos safa. Jean-Claude Juncker, o luxemburguês presidente do Eurogrupo, foi apanhada à falsa fé e "num canto escuro" por meia dúzia de jornalistas portugueses. Estes, em vez de o sodomizarem à grande e à bruta - à grega! - apenas o fizeram dizer, os grandes maganos, que o que valia no sentido de suavizar a vida grega podia também servir para suavizar a vidinha portuguesa (será que a Catarina Portas concorda?). Um engano, um puro engano, que a escuridão do lugar e a "ciganice" portuguesa provocou num digno representante da Europa séria, a Europa central, e haverá algo mais central na Europa do que o Luxemburgo?
Consta que no Luxemburgo começa a haver desemprego. Amigos como somos a facilitar a vida do próximo o desemprego no Luxemburgo fala... português! Está a ficar um hábito.

2 por cento.

2 por cento separam Angela Merkel de Jerónimo de Sousa. Este foi reeleito por unanimidade pelo renovado Comité Central do PCP, Angela Merkel foi ontem reeleita para levar a CDU  a nova disputa eleitoral com 98% dos votos. O Aplauso durou oito minutos, falta saber se foi ritmado.

sábado, 10 de novembro de 2012

Isabel Jonet



Esta intervenção, desajustada, desarticulada, fora de contexto talvez, etc., foi assim tão inacreditável, tendo em conta que eu concordo com quase tudo o que ela disse?

terça-feira, 6 de novembro de 2012

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vivemos então num Mini-País.

Este mini-país, estranhamente, conseguiu produzir alguém com a altura, o peso e o perfume de Manuel António Pina (MAP). Estou a reler a sua poesia, coligida pela Assírio & Alvim, e estou estupefacto e arrependido. A geração de setenta foi efectivamente muito abundante em grandes poetas. E, contra mim falo, só recentemente comecei a aperceber-me do enorme lugar cativo que nessa geração, a dos nascidos nos quarentas, até por algum contraste, possui o MAP. Desses poetas outros há (ou houve) mais barulhentos, comentados, protestados, talvez daí a minha distração. MAP ressuma modéstia, distância, recolhimento e, porém, também abertura, um sempre diálogo, um certo tipo de paz. 

Triangulado entre Pessoa, Kafka, o Oriente e muitas outras Coisas que eu não sei, a sua poesia, nascida retintamente neste mini-país, é Maior.

Pequenos, muito pequenos, e porém demasiado grandes - bem eu queria não os ver - são os nossos governantes. Ainda bem que técnicos vindos do estrangeiro estão a ajudá-los. As ajudas de MAP eram escritores vários e muitos, alemães uns quantos até, já agora. vazados em livro.

Entre dez mil outras razões uma que diferenciava bem MAP era o medo e a sua coragem em tê-lo.

"Serei capaz / de não ter medo de nada, / nem de algumas palavras juntas?"

O Mini e o Rolls Royce.

Li hoje no Público a entrevista do sr. Rogério Gomes (RG), membro da comissão política do PSD e presidente do Instituto do Território. Pelos vistos o país é "um Mini" e o estado "um Rolls Royce". O resto da entrevista até nem corre mal, mas o editorial do mesmo jornal no mesmo dia põe o dedo na ferida: é este precisamente o momento certo para publicamente e diariamente discutirmos a redução drástica do estado social, ao mesmo tempo que o desemprego é nunca visto e a fome anda aí? A insensibilidade dos decisores do PSD já ultrapassa a náusea. A política não é de terra queimada mas sim de "povo queimado". Nem o estado é um "Rolls Royce" (a não ser nas mordomias de alguns...) nem o país - isto é, os portugueses - são "Minis". RG é um "Mini"? Temo a resposta. Mais: ainda na mesma entrevista transcrevo: "Se tenho um seguro de saúde e vou ao hospital público, tendo possibilidade de usar o seguro, acha que o hospital deve estar aberto nas mesmas circunstâncias para mim ou para quem não tem qulquer sistema de saúde? Eu penso que não." RG não elabora mais nada sobre este não e esquece que em Portugal TODOS TEMOS UM SISTEMA DE SAÚDE: CHAMA-SE SNS.

PS.: depois do ataque "tão feliz" às Fundações, quando vai o bulldozer bater à porta dos Institutos... como o seu?

sábado, 3 de novembro de 2012

A Refundação.

Refundação ou Resodomia?

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

“num país onde só há números…”





olhemos para
os dois primeiros-ministros e…

digamos que um é o vinte e seis
e o outro o quarenta e três.

digamos que os dois se entretêm
a juntar os seus atributos
para fazerem coisas de somar.

não é uma pouca vergonha?

olhemos para
os dois primeiros-ministros e…

digamos que um é a raiz quadrada
do burro sem conserto
e o outro a fracção dois doze avos
do sabichão compulsivo

digamos que um e outro
fazem de conta
que fazem contas
para fazerem asneiras.

não é uma pouca vergonha?

olhemos para
os dois primeiros-ministros e…

digamos que um é o vinte e seis
mas assina como quarenta e três
e o outro (o quarenta e três)
assina o que
o outro (o vinte e seis)
assina de cruz.

não é uma pouca vergonha?

olhemos para
os dois primeiros-ministros e…

digamos que este números
são números que não prestam
são números que não servem
e não dão resultados honestos

olhemos para
os dois primeiros-ministros e…

digamos que estes números
são uma equação humanamente impossível

há por aí alguém
que tenha uma borracha?




domingo, 28 de outubro de 2012

Portanto, a explicação de um certo e determinado país a uns "estrangeirados" que calhou estarem no governo neste preciso momento.

Portugal é um país em transição. De ser um conjunto de gente esperta, esforçada e que mal sabia escrever, a sair de uma ditatura de quarenta anos, somos hoje um país cheio de gente qualificada - às vezes não no que mais interessa -, esperta - às vezes tentando ser apenas mais esperta do que o vizinho do lado ,- e esforçada - às vezes apenas em consumir o mais possível. O lastro da iliteracia está no desemprego que foi agora criado - nunca Portugal teve tantos desempregados. Estes desempregados quase todos têm trinta, quarenta, cinquenta anos e quase todos eles não vão conseguir novo emprego em Portugal nos próximos cinco, dez anos a não ser nas obras - que estão paradas. Ou emigram ou apenas sobrevivem. Por isto o subsídio de desemprego não pode diminuir nem em valor nem em duração. A outra metade agora já consome menos, está menos parva e mais preocupada, agarrando-se ao seu emprego actual com ansiedade ou emigrando também.

Portugal está sem dinheiro. Com a excepção do meio por cento de hiper-espertos que continua a pagar o menos possível porque aproveitaram estes vinte anos de toleima para acumular o mais possível, sabendo eles melhor do que ninguém como fugir ao fisco, já não dá para recaudar mais. Não dá! Os bancos estão estrangulados pelo crédito - habitacional e pessoal - mal-parado. As empresas que exportam estão menos mal. As que não exportam estão moribundas ou já morreram pois dependem de um país que está paralizado e em pânico. Portugal foi recriado como um país que se consumia. A bolha do consumo explodiu. Não há mais.

E agora? O estado social português é um capricho de quem quer ter e não pode? Talvez. Mas é também parte do nosso certificado de europeu de pleno direito. Infelizmente a redefinição do que é a Europa não nos está a ser favorável. Uma Europa de leste qualificada e "aselvajada" desequilibrou a equação europeia para a direita e a "desprotecção". Fala Vitor Gaspar num desequilíbrio na "mente portuguesa" entre direitos e deveres. Em Portugal não há direitos a menos. Porque devem os portugueses ter menos direitos que os suecos? Idem os moçambicanos, os uruguaios, os birmaneses... A lógica dos direitos devia ser universal! Os deveres, os deveres... parece-me a mim que os deveres portugueses estão feitos. Falta a Europa fazê-los.

Quer a Europa ser só uma?

Gaspar e a refundação.

Gaspar disse: "existe um enorme desvio entre aquilo que os portugueses julgam dever ser as funções sociais do estado e aquilo que os mesmos estão dispostos a pagar como impostos para ter as mesmas". Permita-me, ó anormal pessoa que em nós manda, a correcção: não é estarmos dispostos a pagar é não termos dinheiro para, ok? Vitor Gaspar continua zangado com este país que lhe coube em tarefa disciplinar.
Enquanto isto o mágico aprendiz Pedrito de Portugal disse "eu sei, eu sei, eu sei, vamos refundir esta m..., eu sei, eu sei, eu sei, só não sei o que quer dizer isso mas o Miguel vai explicaaaar e o Vitor também, o Álvaro não deixo... nhanhanhanha...".
Estamos refodidos, isso sim!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Com palavras.

"O nosso dever falar!" A pessoa que nos governa - e que é uma só e tem por nome Vitor Gaspar - está a destruir um país. Os restantes ministros, o primeiro incluido, obedecem-lhe cegamente, ora por ignorância ora por pérfido cálculo. Vitor Gaspar, voz seráfica e desprendimento calculado, ironia escondida, não gosta de nós. Nada o obrigaria não fosse ser ele a mandar no país! Vivemos tempos de ditadura financeira - a anterior foi há oitenta anos e o artista chamava-se António. Criou-se uma aura de inevitabilidade e de que "entre mortos e feridos...". Sim, vamos escapar muitos de nós, mas que fazer com os mortos, que fazer com os feridos? Outra vez país de emigrantes, a última vez nos anos sessenta, mandava ainda, lembram-se um tal de António...
Discute-se qual era a ideologia desse tal António, segundo alguns benigna, segundo outros do piorio. Alinho mais por estes. Vitor Gaspar não tem ideologia, só vê números. Números onde as pessoas/nós não encaixam. Que chatice o desemprego, as pensões, a doença, o descanso após trabalhar de noite, querer que nos paguem mais quando trabalhamos ao domingo, que toleima!
Vitor Gaspar vê um só caminho, uma espécie de paraíso financeiro, e para lá chegarmos quer fazer todo um país passar pelo buraco da agulha. Cortar onde e em quem é devido leva tempo. Assassinar financeiramente o corpo social de um país é rápido. Não vai dar. E não podemos deixar. Não pode haver mortos, nem feridos.
Todos - os portugueses todos - são, somos importantes.

Sem palavras.

É isto. Desceram o subsídio de desemprego.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ó Miguel...

O ministro Miguel Macedo disse que em Portugal há muitas cigarras e poucas formigas. Sendo verdade que os portugueses trabalham mais do que o europeu médio, ó Miguel, que merda foste dizer?
Agora só para esclarecer, foi como "cigarra" ou enquanto "formiga" que recebeste um subsidio de deslocação por seres deputado por Braga apesar de admitires ter casa em Lisboa? Também é curioso consultar a tua biografia - és também um produto JSD - pouco mais velho do que o Pedro Passos Coelho - e, fora do partido, meu advogado de merda, não fizeste nada!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As migalhas.

Metade dos desempregados neste momento já não recebem o subsídio de desemprego. De que vivem, então? Quando se fala do Rendimento Social de Integração porque não se menciona o seu valor médio e explica-se como pode alguém integrar-se onde quer que seja com esse valor?
 
A reorganização e "simplificação" dos escalões do IRS não aumenta, diminui o carácter progressivo do imposto em questão. O "encosto", para variar, atinge sobretudo a classe média e a média-baixa. Hoje, cada vez mais, temos de alargar a definição portuguesa para "classe média"...
 
Em Portugal chamar a alguém "rico" é tabu. Não procuremos mais nomes mas tentemos fazer umas contitas: vamos imaginar que temos 20000 ricos "a sério". E que em 2013 - excepcionalmente - pagam 50000 euros extra de IRS. Um bilião de euros!
 
I rest my case.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E então o que correu mal este ano?

Grande parte do bolo dos impostos nasce dos rendimentos do trabalho. Ganhamos bastante menos, pagamos menos.
A economia portuguesa também encolheu, produzindo menos impostos. E a economia encolheu, despedindo gente. Há desempregados como nunca houve. Estes também não produzem impostos.
As importações desceram imenso porque Portugal tinha-se transformado nos últimos vinte anos numa grande central distribuidora e de retalho do que se importava para nós gostosamente consumirmos. Esta indústria encolheu porque o dinheiro desapareceu.
As exportações têm teimosamente e gloriosamente subido mas comparativamente ainda somos um país pouco exportador. E as exportações não subiram porque os salários desceram. E começamos a exportar diferente.

A desqualificação portuguesa.

A pergunta que hoje se faz sobre cada português - nos meios onde tudo se decide - é "para que serve". Sim, este, aquele, esta, aquela, para que serve? Os nossos doutos chegaram à conclusão que Portugal tem o povo errado. Para aí metade dele "não serve para nada". Destes mais de metade, falando à Vancouver, Álvaro, "don't know shit!" Descodificando, estamos a falar da 4ª classe. Os outros, coitadinhos, tiraram os cursos errados!
Quem nos diz que está surpreendido com o desemprego mente. E mente descaradamente. O desemprego é a enzima mais rápida a destruir todas e quaisquer garantias laborais. Sabe quem vive ou viveu em Espanha nos tempos do desemprego a 20% que então as garantias laborais eram zero, havia quem contratasse à 2ª para despedir à 6ª para voltar a contratar à 2ª. Os nossos doutos acham que nós - porque só temos a 4ª classe, ou porque escolhemos mal o curso - não merecemos melhor. Isto é foda à bruta e sem lubrificante. Pena é existir um pouquinho de verdade no 1º parágrafo. Mas não se pode mudar um povo, pois não? E agora?

domingo, 16 de setembro de 2012

A TSU e o resto.

Ontem muita gente foi para a rua. O tom foi quase celebratório - existe esta palavra? Não percebi porquê. Ainda ninguém me apresentou uma alternativa minimamente credível à malfadada Troika. A TSU  foi uma proposta desajeitada e, mais uma vez, socialmente iníqua. Mas o dinheiro vai ter que saltar de algum lado, e não vai ser do ordenado do António Mexia, por muito socialmente insensível que ele esteja a ser. O problema está sempre no dinheiro! O dinheiro que Portugal parou de poder gastar mas com uns cinco a dez anos de atraso.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro. E Portugal é um país não demasiado capaz de o gerar. A Europa não está bem, é como uma família com as contas a deslizar para o vermelho. Irmãos vinte e sete, e desavindos. Portugal é não um dos mais novos mas sim um dos mais pobres. O "core" mais rico da família não sabe muito bem o que fazer connosco e, secretamente, pondera abandonar-nos á nossa sorte. A indecisão nasce de quanto esse gesto lhes pode custar a eles, não sendo nós a preocupação principal. Nós sim devemos preocuparmo-nos connosco. Endireitar as contas tentando que isto se faça de forma o mais socialmente justa possível. Não faltando ao respeito ao povo todo que somos nós. Só endireitando as contas poderemos endireitar as costas e olhar em frente. Todo o país - incluindo os que mais sabem e, muito, os que mais têm - deve empenhar-se nesta ressurreição. É costume dizer-se que nestas ocasiões mais do que nunca, um país precisa de um timoneiro em que acredite de forma a ver "a vida para além da crise", a "luz no fundo do túnel", uma vida e uma luz portuguesas e, esperemos bem, europeias. Pedro Passos Coelho não tem - e esta última semana demonstrou-o à saciedade - a altura, a envergadura, a sensibilidade, a inteligência para ser o timoneiro que Portugal hoje precisa.
Estamos então no mato e sem cachorro.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

RAN3 – O ÚLTIMO NÍVEL







Manual de Instruções para o Jogo do Ran (Rápida Ascensão Nacional)


Este jogo pode e deve ser jogado por, apenas, um jogador... de cada vez.

Dica: Para ter sucesso, o jogador deve procurar manter o seu baixo nível habitual.
Advertência: Este jogo provoca forte dependência e proporciona proveitos inesperados e irreversíveis.
Nota: Em caso de dúvida, aconselhe-se consigo próprio.


Ran1 – O Principiante

Corre, salta, anda, nada. O cansaço não passa por ele. É novo, novato e noviço. O seu mundo é um comício, um congresso ou um jantar de militantes. Tanto faz.
A sociedade é aquilo que os seus ídolos dizem: tal e qual. A política é a vida, a vida é o partido do presidente da câmara e o presidente da câmara é deus, sem tirar nem pôr.
O seu sonho maior é ser o mais igual possível ao mestre estampado nos cartazes.
Mas, ainda é cedo. Para já, o seu catecismo é um livro único, adoptado sem dúvidas nem comentários.

Corre, salta, anda, nada. De vez em quando, fala com as palavras iguais às do seu deus, à espera que esse mesmo deus o puxe para junto dele e lhe entregue uma fatia de céu.
Corre, salta, anda, nada. Está no primeiro nível do jogo. Os bicos dos pés são o seu suporte natural e a bajulação é uma questão de princípios e um modo de sobrevivência.
Assume trejeitos de libelinha atarefada, de melga nervosa, de pardal irrequieto, de rato de porão.
Começa a distanciar-se das emoções, controla os sorrisos e disfarça a ganância latente. Tudo, com uma facilidade estonteante e rigidamente ensaiada.
Com o decorrer do tempo, veste-se melhor e torna-se quase imune aos valores essenciais. Um dia, passa de nível.

Ran2 – O Bom

Ainda corre, ainda salta, ainda anda, ainda nada. Está no nível dois do jogo. É um sábio, um sabichão, um sabidola. O seu mundo é uma montra em constante movimento, um carrossel de teorias milenares e sarcásticas, um chorrilho de promessas ou de coisas parecidas com vigarices.
Nesta fase, a sociedade pode tornar-se naquilo que ele próprio diz. Para isso, esforça-se por ser cada vez mais altaneiro, mais ridículo e mais influente. A política é a vida e a vida é o parlamento, paredes-meias com um qualquer poleiro do partido, e o presidente do partido é deus, sem tirar nem pôr.

O jogo começa a correr bem. O tipo está quase um ás em matéria de trapaças. O seu maior sonho é passar despercebido com os seus sacos de cor azul. Já não é cedo para arrepiar caminho em direcção ao éden. Agora, é ele próprio quem inventa as suas bíblias e limites. Os catecismos ficaram para quem vem atrás, tentando imitá-lo.

Ainda corre, ainda salta, ainda anda, ainda nada. De vez em quando, e bem à sua maneira, dá nas vistas e nos noticiários, falando mal de quem não o apoia, falando bem dos que o aplaudem e falando melhor dos que, ainda, estão mais acima.

E, assim, com a consciência no bolso e a honra na pasta, lá vai, jogo adiante, ganhando mais vidas de cada vez que abate ou tenta abater alguém. A corrupção e a mentira são a sua base de sustento obrigatório e o seu mundo está nas autarquias, no miolo dos gabinetes, nas instituições públicas e nos quadros superiores de um qualquer sítio importante. É aí que o jogador repousa, enquanto o alimentam com dinheiros e palmadinhas nas costas. Um dia, passa de nível.


Ran3 – O Mestre

O último nível. Não há mais nada para lá deste patamar. Nada que seja digno de importância. A partir daqui já não há quem corra, já não há quem salte, já não há quem nade. Já não é preciso. Não há ruas nem caminhos a percorrer nem mares nem rios para atravessar. O mundo é um pântano cheio de curvas, eleições e moscas. Segundo a Constituição, quem mora aqui, é senhor das suas coisas e das coisas dos outros. É mais forte do que deus, mesmo que deus seja o presidente da câmara.

Nesta fase, o jogador move-se, apenas, entre dois pontinhos pequeninos de um ecrã minúsculo e negro.
Num dos pontos situam-se as delícias das viagens ao Índico e no outro ponto, a vaidade das Ran3 (rentrées). Estar num dos lados é, perfeitamente, igual a estar no outro.
Para além dele, ninguém se importa.

Ctrl+Alt+Del, já!
Já!...

esquerda, direita...



Fulano é um homem de esquerda. Por isso, naquela reunião importante, quando viu o sujeito, à sua direita, tomar aquela atitude de esquerda, não se conteve e disse:

“- Então o senhor, um homem de direita, sentado à minha direita, toma uma atitude de esquerda?
Que há-de dizer este tipo, sentado à minha esquerda, que tem atitudes de esquerda, ainda mais à esquerda do que as minhas?
Se calhar, ele ainda se vai lembrar de dizer que quem é de direita sou eu. Que as suas ideias são mais esquerdas do que as minhas, etc., etc..
Com franqueza! Acho melhor que reconsidere a sua posição, homem!
Ou revê a sua atitude, e, consequentemente, altera a sua opinião ou teremos aqui um problema, pontual é certo, mas significativamente elucidativo para quem, ávido de fofocas, não perderá, de modo algum, esta oportunidade de questionar peripécias como esta, muito pouco dignas de quem, como o senhor, prometeu defender interesses de um determinado quadrante.
Ao falar de fofocas, refiro-me aos jornalistas. Esses desiluminados fazedores de não-notícias.
Aos jornais e aos directores de jornais que se aguentam à esquerda quando o poder é de esquerda, mas que se cimentam à direita quando o poder é de direita.
E olhe que eu tenho um cagaço, exacerbado, de tudo o que mexe com opiniões escritas, feitas sabe-se lá por quem e que, quer seja à direita de mim ou à esquerda de si, atinge as pessoas bem no centro das suas posições.
Além disso, o respeitado colega já reparou que, pondo de parte tudo e todo o resto e estando eu obrigado, também, a tomar uma atitude, me vejo agora circunscrito ao tremendo problema de não ter espaço político, partidário e de coerência individual para me manifestar de acordo com a minha posição?
Não viu, não! Eu sei que não reparou nisso, mas o meu dever passa por colocar-lhe esta minha preocupação. Espero que não leve a mal.
Mais a mais, não será por isto que, numa próxima oportunidade, lhe ocorrerá tomar atitude semelhante. Pois não?"

“- Certamente que não. Não será por causa disso. São outros, os motivos.” – disse o sujeito à direita. E continuou:

“- O facto de estar à sua direita confere-me o direito de o ver, a si, como uma referência fundamental. Oriento-me, por si, por exemplo, quando quero saber, rapidamente, onde é o meu lugar.
E, quer o senhor queira, quer não queira, já não podemos passar um sem o outro. De tal modo que, por vezes, sinto-me tentado a comungar do seu discurso.
Quanto mais não seja, para que, à minha direita, não coloquem nunca, outras cadeiras.”

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

a "rentrée" em "time out"



chamar “rentrée” a qualquer coisa que recomeça depois do verão, é um fenómeno tão “burresco” e tão “broeiro” que chega a parecer uma enorme senilidade consentida, que não passa de moda, que não desaparece, que não evolui e que não tem outro propósito que vá para além da banalização do título fácil que se estende a toda a imprensa, desde a cor-de-rosa à cor-de-cravo.

desta vez foi a revista “time out” (coitadinha) que se assumiu como mais uma voz da popularidade grosseira e instituída e buscou para a sua capa a promessa de uma “rentrée” com imperdíveis na barriga.
(neste caso, temos um título sobre concertos a precisar de um outro conserto... mais português).

se a ideia de utilizar esta palavra, nesta revista, veio das lisboas (que é de onde vêm todas as decisões) ou nasceu cá pelo porto, é uma  coisa que não interessa para nada, mas que foi uma ideia foleira… isso foi, sim senhores.

estas coisas de "rentrées" devem ser deixadas para quem sabe e para quem as merece (como é o caso de portas, coelhos, seguros, jerónimos e companhias limitadas e ilimitadas).
a estes, fica-lhes muito bem o "franciú" espampanante do termo que, para o "ti jaquim de santo antoninho das hortaliças", soa a brilhantismo de doutores.

é muito melhor, para as pessoas de bem, aguardar a REENTRADA das coisas e das pessoas boas, sejam- eles ou elas- concertos, peças de teatro, livros e filmes novos ou, simplesmente, de gente que nos diga ou nos acrescente, alguma coisa que valha a pena.