domingo, 28 de outubro de 2012

Portanto, a explicação de um certo e determinado país a uns "estrangeirados" que calhou estarem no governo neste preciso momento.

Portugal é um país em transição. De ser um conjunto de gente esperta, esforçada e que mal sabia escrever, a sair de uma ditatura de quarenta anos, somos hoje um país cheio de gente qualificada - às vezes não no que mais interessa -, esperta - às vezes tentando ser apenas mais esperta do que o vizinho do lado ,- e esforçada - às vezes apenas em consumir o mais possível. O lastro da iliteracia está no desemprego que foi agora criado - nunca Portugal teve tantos desempregados. Estes desempregados quase todos têm trinta, quarenta, cinquenta anos e quase todos eles não vão conseguir novo emprego em Portugal nos próximos cinco, dez anos a não ser nas obras - que estão paradas. Ou emigram ou apenas sobrevivem. Por isto o subsídio de desemprego não pode diminuir nem em valor nem em duração. A outra metade agora já consome menos, está menos parva e mais preocupada, agarrando-se ao seu emprego actual com ansiedade ou emigrando também.

Portugal está sem dinheiro. Com a excepção do meio por cento de hiper-espertos que continua a pagar o menos possível porque aproveitaram estes vinte anos de toleima para acumular o mais possível, sabendo eles melhor do que ninguém como fugir ao fisco, já não dá para recaudar mais. Não dá! Os bancos estão estrangulados pelo crédito - habitacional e pessoal - mal-parado. As empresas que exportam estão menos mal. As que não exportam estão moribundas ou já morreram pois dependem de um país que está paralizado e em pânico. Portugal foi recriado como um país que se consumia. A bolha do consumo explodiu. Não há mais.

E agora? O estado social português é um capricho de quem quer ter e não pode? Talvez. Mas é também parte do nosso certificado de europeu de pleno direito. Infelizmente a redefinição do que é a Europa não nos está a ser favorável. Uma Europa de leste qualificada e "aselvajada" desequilibrou a equação europeia para a direita e a "desprotecção". Fala Vitor Gaspar num desequilíbrio na "mente portuguesa" entre direitos e deveres. Em Portugal não há direitos a menos. Porque devem os portugueses ter menos direitos que os suecos? Idem os moçambicanos, os uruguaios, os birmaneses... A lógica dos direitos devia ser universal! Os deveres, os deveres... parece-me a mim que os deveres portugueses estão feitos. Falta a Europa fazê-los.

Quer a Europa ser só uma?

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