terça-feira, 31 de maio de 2011

disponibilidades

1. Rui Rio não estará disponível para avançar para qualquer cenário governativo porque...
... quem ficaria na cidade para fechar as portas da Câmara no caso do FCP ganhar mais qualquer coisa?
2. Santana Lopes talvez regresse à cena política porque...
... quem, melhor do que ele, estaria disponível para estar, ir embora, estar, ir embora, estar, ir embora?

domingo, 29 de maio de 2011

taprobana

Agora pode dizer-se que tudo se completa, quando os partidos se perfilam, decisivamente, em espectáculos gratuitos de um ridículo atroz.
E a quantidade de roupa suja que se lava nestes dias, faz inveja aos mais míseros e porcos mendigos do quadringentesimus mundo da parapraxia.
E é esse longínquo mundo que, por uma via popular e francamente desonesta, torna erudita esta incompreensível correria, em direcção à face mais negra da política.
Estas vozes que esta campanha nos coloca junto aos olhos e aos ouvidos nunca terão alma suficiente para chegar à Taprobana.

O carteirista

Este post diz tudo...

Domingo de manhã.

Eram quatro. Via-se que frequentavam as mesmas praias, as mesmas esplanadas. Teriam também os mesmos hábitos nocturnos de excursão com a ocasional perda de identidade...
Hoje eram o Banco Alimentar Contra a Fome, ali no Pingo Doce de S.João de Brito. Nem militantes nem com aversão ou desgosto. Uma vez por ano, como o Natal ou a Páscoa, só que aqui não era a família e não estávamos todos sentados.
Levaram quatro quilos de arroz carolino, pode-se dizer que a cada uma o seu arroz foi dado.
Pergunto-me em quem votarão de hoje a oito. A resposta mais que provável preocupa-me. Eu e elas, elas e eu. Ao fim e ao cabo.

sábado, 28 de maio de 2011

O que é isto?

O que se passa em Barcelona - falo da acampada, não do futebol - faz pensar. É o futuro? Ou a falta do mesmo? Uma expressão retenho: o desejo de "democracia económica".

Do prémio que se deve dar à mentira.

Hoje sabemos que os políticos mentem. É, mentem. E depois? Nós também, nós também...
É nosso dever medir o GRAU de mentira, num e noutro lado, com que nos defrontamos.
Nós que também mentimos deus sabe como tentamos não mentir nas coisas importantes, no core da vida, manter a coluna vertebral direita, direita...
Bom, o GRAU  de mentira é nestas eleições muito assimétrico, não é?
Há que dar ao maior mentiroso de todos o merecido prémio!

domingo, 22 de maio de 2011

O Meu Jardineiro ou A Vida Real

Nesta fase pre-eleitoral - e que pena que as eleições ainda tardem a acontecer - estamos a viver tempos de uma demagogia nunca vista. Como se viu no passado debate JS-PPC.
Impressiona ouvir Sócrates defender o Estado Social, o Serviço Nacional de Saúde, o despedimento só por justa causa. Tudo mas tudo o que há a dizer sobre estes temas está no memorando da troika! Para quê discutir o que já está decidido? Por outros? Porque nós não fomos capazes de o fazer? Portugal hoje é um protectorado da Europa, e não só ao nível financeiro!

Portanto, já que assim estamos, proponho para Primeiro-Ministro o... meu jardineiro! Não... o homem do talho, esse! Agora a sério... o rapaz da Chaviarte, esse todo! Ou talvez a senhora eficiente do Cinq A Sec! Última hipótese, o segurança careca aqui do condomínio, sim sim, o mais forte!
Bom, o que eu quero dizer é que não quero quem está - não quero mesmo! E para lá para cima, para chefiar o governo, dava jeito gente séria, capaz, que quer trabalhar, e com - vá! - uma, duas ideias na cabeça, até três ajudava... Pois, o deserto de ideias do PPC funciona como floresta espessa a não deixar ver quem lhas sopra...

terça-feira, 17 de maio de 2011

DSK e as violações.

O caso da prisão de Dominique Strauss Kahn (DSK) fez-me pensar logo noutro, também recente, acontecido com um psiquiatra “da nossa praça” e uma sua doente, grávida no 3º trimestre da gravidez. Strauss Kahn está preso e bem preso, o psiquiatra da nossa praça está solto e à solta, e por pouco não recebeu um louvor. A América de vez em quando funciona, Portugal, a verdade é que já nem me lembro quando foi a última vez...

Adiante. Mas, portanto, estamos todos órfãos de DSK, putativo próximo presidente francês. Homem que dera como que um rosto humano ao FMI – a sério que acreditam nisto? – logo a sua prisão uma – mais uma – tragédia para Portugal. DSK, lidos os prolegómenos e avaliados o seu perfil público e menos público, preparava-se para ser o próximo Miterrand, talvez sem o mistério. Uns poucos criticavam os seus hábitos de fausto, a sua vocação depredadora sexual. Claro que bem sabemos como ser de esquerda legitima e doura qualquer destas actividades, enquanto ser de direita só envilece e amplifica a intrínseca maldade de todo e cada um. Ficará por saber se DSK ia usar cartomantes para decidir o futuro da Europa ou que novos Parténons iria erigir em Paris.
Eu, pessoalmente, desejo ardentemente que o candidato do PSF às presidenciais do PSF seja Martine Aubry. Olhem bem para ela, a quase anónima filha de Jacques Delors. Venceu Segoléne, vai vencer François Hollande, e talvez vença Sarkozy. Se não acontecer -  a cartada da gravidez de Carla Bruni está em jogo - a França não está melhor do que a Itália. Se não acontecer, toda a Europa deve passar a poder votar nas eleições alemãs, as únicas que verdadeiramente contam... !

sábado, 14 de maio de 2011

D.José, o Inimputável.

Eduardo Catroga, um homem que, para mim, hoje por hoje, é um herói, veio defender a imputabilidade dos governantes do nosso país. Ou seja cereja, sendo os nossos governantes pessoas inteligentes - por nós eleitas - e de sã mente e espírito, a acontecer a improvável tentação, a quase impossível transgressão, a verificar-se que os nossos governantes tenham cometido algo enquadrável dentro da definição legislativa de... "crime"... os nossos governantes, deverão, deveriam, devorariam ser investigados sobre se efectivamente são ou não... criminosos!

Ao não considerarmos os nossos governantes como gente imputável, estamos a descê-los ao nível de imbecis, idiotas, energúmenos intelectuais, ou seja... inimputáveis! E com eles quem os elegeu... nós.

É, para além do mais, Eduardo Catroga é das referências a possivelmente decidir o meu voto futuro...

P.S,: "o mais" refere-se à deliciosa piada dos pentelhos. Eu, pessoalmente, sempre escrevi "pintelhos", talvez porque mais sonoro e (ainda) mais sugestivo... embora, agora que me lembro, o substantivo colectivo "pentilheira" joga contra a minha hipótese de escrita... Quais vestais, as damas do PS sentiram-se ofendidas. Sim ,eu disse vegetais, não disse "bestas qu'inda pr'aqui estais" a atrapalhar a gente...

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Claramente

As eleições que aí vêm possuem - ou serão possuídas, sabemos lá, dado o feminino da palavra... - (por) um só objectivo: fazer de José Sócrates parte apenas do nosso passado!

Cafeínicos...

Com a devida vénia, eis...


I couldn't put it better myself!

domingo, 8 de maio de 2011

A forma e o conteúdo.

Muitas vezes é dito que não importa a forma porque o mais importante é o conteúdo. Eu acho que não.

Quando da discussão sobre o PEC IV foi argumentado que, independentemente de o governo Sócrates não ter sido correcto na discussão do conjunto de propostas com o Presidente da República e a oposição, as propostas eram boas, as adequadas, e portanto, deviam ter sido aprovadas em sede de Assembleia da República. Hoje sabemos que elas não serviam para nada e que tudo - isto é, o FMI - estava à distância de uma nega da banca portuguesa. De qualquer forma, a forma de proceder foi a errada, ao denotar um estilo, uma prática, uma lógica de democracia que não é para premiar mas sim,  e espero que assim aconteça, para punir em eleições.

Assisti há dias à presença de José Sócrates no 5 para a Meia-Noite. O Alvim, de tão reverente, parecia o Mandatário do PS para a Junventude. Sócrates, explicitamente de blazer, calça de ganga e camisa escura, era e foi a perfeição da forma - ele é efectivamente um exímio comunicador, no seu estilo. Lembro aqui porém que não nos podemos esquecer do conteúdo. E aqui o conteúdo é um passado, longo de cinco anos. O nosso conteúdo é sempre o nosso passado. O que fizémos são as nossas credenciais no presente. Neste caso a forma não pode desculpar o conteúdo. E este fede.

Este PS pre-eleitoral de Sócrates - sim, ele ainda é o secretário-geral, ele não irá embora por passes de magia depois das eleições, independentemente do resultado... - quer fazer-se de esquerda, quer fazer-nos querer que nos defende e nos defenderá como não aconteceu nem está a acontecer neste preciso momento!

A forma e o conteúdo. A fazer o que é preciso fazer, fazê-lo bem feito, e com a democrática elegância de respeitar o outro, o igual que discorda. E a saber de alguém que tem a solução que procurámos por muito tempo e sem sorte, saudar esse alguém e ceder o lugar, ceder o lugar. Ainda antes, se calhar, de irmos a votos. Mas isto seria outro mundo que não o nosso português em que nos encontramos.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

a culpa é da preguiça

Notícias miseráveis fazem as delícias da televisão, da rádio, da imprensa e de todos os sítios de informativos.
Dizem que a troika e os trolhas chegaram a um acordo, memorando, plano.

mais sacrifícios para os mesmos
mais dinheiro para os bancos
mais ameaças de ruína para as empresas

Dizem que a troika e os trolhas chegaram a um acordo, memorando, plano.
Os comentários a esse negócio foram o início da campanha eleitoral. Uma oportuna vergonha.
As pessoas estão mais tristes a cada palavra de cada notícia
mais desanimadas a cada comentário de cada palerma comentador
e não acreditam na tromba barbeada dos políticos que por aí andam.

Era bom que alguém dissesse:
Chega de pagode! Ide todos à merda!

E depois, como quem não quer a coisa, ficarmos menos aborrecidos…
Era uma possibilidade menos pouca do que... assim.

domingo, 1 de maio de 2011

Uma deslocalização aqui ao lado aconteceu.

Anteontem mudaram a um amigo meu de local de trabalho. Correntes subterrâneas já o tinham avisado do que ia acontecer, mas a conversa correcta da entidade patronal foi havida, se não me engano, com apenas 24 horas de antecedência. O mero facto de ter mais de trinta anos de “casa” não contou para nada. Do enredo não sei o molho de grelos. Sei o desfecho. E chega.

“Casa”. Tenho menos tempo de profissão do que este meu amigo. Levo porém bem mais de vinte aninhos disto de trabalhar. Parece que hoje em dia ninguém quer que nos sintamos “em casa” no sítio onde trabalhamos. Embora o contrário seja dito e redito, naquelas conversas parvas motivacionais que nos impingem por trimestre. Mas esta é a arte dos dias de hoje, dizer uma coisa quando precisamente a mensagem a reter é o oposto. A honestidade, a verticalidade, o olhar franco e descomprometido, não são as cartas que se jogam nestes dias. O objectivo é que o trabalho, o emprego, seja visto como um favor que nos fazem, “anda lá, eu deixo que tu trabalhes…”, a pedir o máximo esforço, mês a mês, os tais “objectivos”, sendo a renda mensal, gerida da forma mais liberal, ie, selvagem possível, não se sabendo quanto arrendamento no mês seguinte, que ónus, que preço, data sequer de pagamento. E querem que assumamos isto como "a nossa casa"! Não sei se afinal esta coisa de 75-76 nos fez assim tão bem porque fugaz, no que às teias de aranha diz respeito – claro que do 25 de Abril não falo. Nesses anos longínquos, mandar era o pecado dos pecados, algo que, a acontecer obrigava a reiterados pedidos de desculpa. Hoje, 2011, só existe quem manda. Os mandados são uma classe inferior, rasteira, que será obviamente culpada – sabe-se lá porquê, mas, também, não interessa – da sua condição de obedecedores. O “porque quero” ultrapassou já em muito o já de si péssimo “porque sim”. Explicar a razão de um procedimento, essa fastidiosa operação mental, já passou à história. Se os mandados tivessem um cérebro privilegiado como os que mandam, não questionavam o porquê das coisas, já sabiam! Mas não. Não têm, por isso são o que são. E aliás, discute-se a existência de sistema nervoso central neles, o periférico – leiam o nome… - ainda vá que não vá, deve haver, parece que sentem dor quando muito pisados…

 
Comecei a trabalhar num oitavo piso de uma Unidade Hospitalar, sendo a minha profissão o que sabeis que é. Trabalhei lá, com o intervalo de um serviço militar de doze meses e um que outro estágio, doze anos e meio. Ali me fiz o que sou, a tantos níveis que se torna extenso referi-los, hoje. E digo hoje 2011. Ali sim, tive uma “casa”, e que casa. Amei e perdi, lutei e venci. Criei e desfiz as minhas garras. Forrei as minhas paredes de instantâneos de puro prazer, rotinei e parti os dedos. Aprendi a correr desarvorado e a parar meses. Aprendi a rara cura e que quase tudo – mas não tudo – podemos melhorar. As minhas palavras – vocês sabem quais são – ali ganharam o definitivo corpo. E o mais importante, ali aprendi a rir, a rir-me de tudo e a fazer rir, melhor combustível não existe. Até hoje. Tive os meus mestres, aqui aproveito e agradeço. Piso 8, Medicina 3.

E em 2001 descemos para o piso 4. E foi sem espiga. Porquê? Não usei o plural por convenção no início. Desci eu, e quem comigo trabalhava nesses dias, equipa perfeita. Sim, agora de outra casa falo. E talvez esta seja a mais importante. A casa que de pessoas é feita, por isso o descer do piso oito ao quatro não se tenha revestido de especial importância naqueles tempos. A nossa casa pode também ser com quem estamos – e no trabalho melhor não pode ser se estamos bem. Na prática, ao descer em 2001 para o piso quatro mais não se fez do que continuar a seguir à risca o livro de boas práticas que do piso oito se trouxe. A casa desceu. Connosco.

Se bem eu "li" o que aconteceu esta sexta-feira, a “casa” onde o meu amigo trabalhava até à passada sexta-feira perdeu – com ele – mais do que uma parede-mestra, perdeu uma daquelas janelas que para o mundo é imperativo que haja e que abertas estejam, para que sempre e a cada minuto se saiba que há mais mundo do que aquele ali cubiculado que faz de nós toupeiras. E não há quem compreenda isto!