domingo, 26 de dezembro de 2010

"actriz"

Enquanto perguntavam a uma miúda de poucos anos, qualquer coisa que durou segundos, a tv colocou, por baixo da sua imagem, uma legenda dizendo: "fulana de xis, actriz".
E se, em vez da miúda, fosse alguém com o teatro no sangue, no coração, nos pulmões, na vida toda? Como seria a legenda?

Ser "morango" já é uma profissão reconhecida e não é segredo para ninguém, mas o que nos deveria preocupar é o vazio intelectual e o "faz de conta"gritante que serve de modelo à nossa juventude.

Com esta cultura tão pobre, será fácil, no futuro, chegar-se a primeiro-ministro mas, em contrapartida, será tremendamente difícil encontrar as diferenças que separam um homem normal de um boneco pré-fabricado.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E 2011 será diferente?

Vejamos por exemplo esta chamada de atenção do Jornal de Notícias...

um presépio africano...

ou em como a "história" pode ser contada de uma outra forma.

domingo, 19 de dezembro de 2010

We're loosing the big picture, now...

Enquanto andamos entretidos com a Wikileaks a descobrir que, oh surpresa das surpresas, os políticos africanos são corruptos, oh horror dos horrores, o homenzinho que foi posto à frente do BCP pela CGD é um mentecapto, a Europa está desintegrar-se.
Neste momento confesso que cada vez menos me interessa quem vai estar a governar Portugal aí por meados de 2011. Se houver mudança, o mais provável é saudá-la, apenas e porque assim mudarão as moscas. Vejamos bem: nunca como antes foi nítido e transparente estar o nosso futuro a ser decidido em Berlim, Paris e Bruxelas. Não em Lisboa. Lisboa apenas tem aquele disparatado costume de ganhar mais, ter a Gulbenkian, o CCB e o Teatro Nacional. Nós temos Serralves e a Casa da Música. E ganhamos menos. Andemos entretidos e a coisa passa. Passa?
Ler este artigo de Joschka Fischer que finalmente cacei na net, o mais importante de outros que pelo Público tenho visto, todos muito muito preocupados, do Saarsfield de Cabral ou da Teresa de Sousa, por ex., dá que pensar...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

PISA não é mais do que uma torre que sempre inclina para o mesmo lado...

Estamos tão contentes com os resultados do inquérito PISA da OCDE sobre a educação dos nossos filhos... não estamos?
Eu não estou. Será uma coisa pessoal...

Não consigo convencer a minha filha da real utilidade das merdas que lhe ensinam na escola. Verdade se diga que com os livros que ela apanha em cima, eu próprio convenço-me pouco. Resta-me aquela mensagem subliminar: "continuas a estudar ou queres já ir praticando a tirar cimbalinos?" e pode ser que assim a consiga convencer...
A nossa escola pública é árida, pouco inovadora, sobrecarregada de teorias cuja utilidade "pre-universitária" não é discernível para o aluno dito "normal". Não estimula a originalidade ou o empenho expontâneo e diferenciado. E também é pouco exigente. E assume que via outras rotas complementares - vulgo ATL's, explicações, whatever - tudo o que é mal explicado pelo material de ensino e pelo prelector/a ficará tipo cristal da Boémia aos olhos do aluno/a, de forma a que as notinhas - a avaliação - cheguem a bom porto. Querem melhor? Há uma lista de Colégios a VENDER boas notas à sua disposição na Internet...
Sobre isto o inquérito PISA não fala.
E isto sim, preocupa-me.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A compra dos presentes.

Este ano as compras de presentes para o Natal é feita no Continente, no Intermarché...

sábado, 11 de dezembro de 2010

“defender a democracia, que está a sofrer um ataque sem precedentes”

O site do BE, o "esquerda.net" decidiu albergar um site-espelho do embargado Wikileaks.org, pelo argumento acima.
Ouve uma análise equilibrada do Miguel Gaspar no Publico, que não posso aqui linkar pelas razões monetárias do costume.
A fraseologia acima não é nada equilibrada. Tentemos um wikileaks chinês, por ex. Ou russo. Ou até... brasileiro... ou pensam que não há secretas brasileiras, que o Brasil não faz espionagem - e se calhar não só na América Latina... - e que é tudo fumaça em como os escândalos sucessivos sempre caíram ao lado de Lula e nunca em cima ou no colo de...
A nova velha-esquerda continua com aquela coisa de que a América é o diabo chifrudo e cheira a enxofre. Apesar de ter o governo mais liberal dos últimos trinta e cinco anos. Apesar das suas instituições serem mais democráticas... que as da União Europeia, por ex.! O mundo seria pior sem a América, não só ao nível cultural mas também ao nível político, hoje. E a Europa seja ainda mais irrelevante, hoje, sem a América. O Bloco de Esquerda não tem emenda.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Trinta e quatro euros por mês.

Sexta-feira vi em consulta uma doente que passou a receber trinta e quatro euros por mês de Rendimento Mínimo de Integração. Aparentemente descobriram - oh pecado dos pecados... - que um dos seus dois filhos trabalha. Este filho hoje por lei deve prover ao sustento de três agregados familiares: o seu, o do seu irmão desempregado e o de seus pais...
Não sei quem querem integrar e onde com trinta e quatro euros por mês. O marido recebe uma reforma que ronda as duas centenas de euros/mês. Gostaria que um ministro ou um secretário de estado procedesse à entrega deste pecúlio mensalmente em público e em primetime televisivo à septuagenária de que falo. Assim tipo: "Anda lá, aqui tem, vá à sua vida e integre-se, integre-se! Por este mês está safa!"
Portugal, onde chegámos...
Trinta e quatro euros...

domingo, 5 de dezembro de 2010

A temperança está pela hora da morte...

Os tempos não estão para os moderados.
O meu amigo Obama, como tinha pouco com que se entreter, apanhou agora com esta história dos Wikileaks, 250000 documentos disponibilizados ad hoc na rede e cuja publicidade objectivamente... não beneficia ninguém. Engana-se quem considera este caso um novo Watergate ou parecido. Não é. Estamos a ser inundados com "sobre-informação" - e a ideia é criar a ilusão de que "são todos iguais". No fim disto tudo, já sabemos quem ganha. Pacheco Pereira hoje analizava adequadamente esta questão no Público. Wikileaks não é jornalismo, está muito antes disso. É sim um despautério.

Por outro lado, Zapatero e Rubalcaba levaram em cima com a greve selvagem dos controladores aéreos em Espanha, este fim-de-semana. Aqui em Portugal o mais selvagem que tivémos nos últimos anos foi uma "greve" a uns exames ali para os lados de Guimarães... Como este fim-de-semana acumulava em Espanha com o feriado da Constuição, uma famosa "ponte" propícia para férias, bingo!
Ser controlador aéreo deve ser uma profissão muito especial, não duvido, eu já vi alguns filmes de Hollywood onde o tema era versado, certo? De qualquer forma... foder as mini-férias a dezenas de milhares de compatriotas e ainda por cima em tempos inciertos, ie, de crise e onde uma pequena alegria tanto se pede... não é de homem, é de bestas irracionais!
As versões divergem sobre se Zapatero ainda vive mas está moribundo ou se já está morto e enterrado e o que se vê nas TV's é um duplo bem treinado. Helás, Rajoy, as eleições são só em 2012... e um duplo se bem treinado por definição não morre. O espaço aéreo espanhol está neste momento aberto e a normalizar sob comando militar.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Não ter medo das consequências.

Assim se intitula a 1ª página do Público de hoje referindo-se a Sá Carneiro, falecido tragicamente há 30 anos: "O político que não tinha medo das consequências".
Pode não parecer um elogio mas é. Passo a explicar. As consequências existem. São para ser pensadas, pesadas. Se o passo é o certo, assumidas. E só. Assim foi Sá Carneiro, sempre.
A vida política deste homem teve quatro fases-chave: a 1ª quando 2º e depois 1º líder da chamada Ala Liberal da Assembleia Nacional. Começando ainda antes na sua carta a Marcello Caetano a pedir a volta a Portugal do Bispo do Porto e (não) terminando na sua declaração de renúncia ao mandato de deputado. Manteve a sua coluna no Expresso - "Visto". Logo após o 25 de Abril funda o PPD - pelos vistos nome inventado por Ruben A... - e consegue, contra ventos e marés e praticamente do nada, 25% de votos nas Constituintes de 75. É, julgo, em 78 que resolve romper com o status quo, "realinhar" o partido - reduzindo à quase nulidade pelo caminho muitos pseudo-notáveis, et pour cause... Finalmente cria a AD, vence duas eleições e avança para o 1º governo de direita com maioria absoluta pós-25 de Abril e assim equilibra o espectro político português, até então sempre descaído para o lado contrário.
De expressão não fácil, orador não brilhante, compensava esta limitação com um excesso de carisma que ofuscava o seu entorno - ele era uma espécie de princeps, de primum inter pares - os governos foram de Sá Carneiro como já antes o partido era seu, as moções, as reuniões, os plenários, etc. Onde estivesse era o centro, fosse duma festa ou dum furacão.
E era evidente a sua extrema inteligência e agudeza de espírito bem como uma certa conjugação de desprendimento com um sentido do dever muito marcado. Sá Carneiro, advogado com fama na praça portuense desde novo, não precisava da política para comer, precisava dela para respirar - e não pelo jogo, sim porque era um Homem com um Projecto para o seu País.
O seu viver rápido atrapalha-nos porque habitualmente nós os simples de Portugal somos peritos em adiar. Sá Carneiro nunca adiou. Nunca deixou para amanhã o que tinha de ser abraçado hoje.
Por isso, quando morreu, de alguma forma, não deixou nada por fazer.
Levando ou não o Mito em conta, foi para mim o Político português do século XX.
Morreu apaixonado. My kind of guy...

À procura de esqueletos

A este anúncio, publicado no JN, num dos últimos domingos, talvez falte mencionar que, no que toca ao tamanho do calçado, o ideal seria que as mulheres calçassem o 33 e os homens o 36.
Ah..., e já agora para que tudo seja perfeito, que pesem entre 35 e 45 kg.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Hipermercado "Continente"

Há-de haver, certamente, uma razão qualquer que eu - não sendo economista, banqueiro ou outra divindade do género - não consigo atingir...
... mas o hipermercado Continente do Maia Shopping, tinha hoje - na área dos legumes, frutas e afins - uma banca central onde as batatas, cebolas e alhos eram, na sua totalidade, de origem espanhola e francesa.

Claro que os nabos eram nacionais.


Mudemos o trocadilho

Antes tinha arranjado um trocadalho para FMI que terminava em "Importante"...
Não será que a malta de fora vem mas é indicar-nos o que é a... "Foda Mais Indicada"?...
Ó pá, também, o que é demais é moléstia...

Os Cafeínicos

Não concordo com quase nada do que escrevem. Bom, até concordo com algumas coisas. São gente de bem, alguns deles bons amigos. Bom, gente de bem... é isso hoje um elogio? De qualquer forma, ficam muito bem aqui ao meu lado direito...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tudo indica...

que querem mexer nas Leis do Trabalho...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mira k guapo hijo de...

Não consigo pôr em palavras o quanto odeio este gajo...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

E finalmente... a mais importante de todas!

Há esta peregrina ideia de que quem trabalha para o Estado é um privilegiado absoluto. Bom, a coisa tem qualidades, mas também tem defeitos...
O PS não aprende, é cego, surdo e mudo, e aprova em sede de parlamento verdadeiros murros nos queixos da malta que trabalha, ie, "nózes"...
Ora bem, o funcionário público tem esta coisa de também poder ir embora, se encontrar argumentos de "natureza empresarial" que o justifiquem...
Os funcionários públicos a sair primeiro serão obviamente os melhores, claro, mas não nos surpreendamos, ainda está por governar o político que saiba como criar/motivar/refazer o "Bom Funcionalismo Público" que assumimos merecer...
Portanto, o funcionário público "amocha" porque, enfim, é esta coisa em forma de assim e portanto...
Já a malta das empresas ao lado, que do Estado são mas são "tipo-privadas", e onde por conseguinte a coisa é outra e obviamente o buraco da agulha é de outra finura, cuidado cuidadinho, que perde-se o linho e fica o terylene... lembram-se do terylene, não lembram?
Que venha o FMI!

PS.: FMI => "qual foi a tua FMI de todas?" Ora descodifiquem lá esta!

É Natal, vamos lá ao subsídio...

E, na sequência de uma conversa que eu tive ontem ao início da noite com um bom amigo, peço desculpa por voltar aos milhões do Mexia, ao meio milhão do Fernando Gomes, mas... para aí metade da força laboral da "fábrica-de-saúde" em que trabalho vai esta sexta-feira suspiradamente receber um subsídio de Natal (ou melhor, ordenado e subsídio...) inferior a meio milésimo dos milhões do Mexia, isto é, pouco mais do que MIL EUROS. Eu sei, funcionários públicos... embora muitos sejam contratados e portanto já a coisa ganhe uma cor um bocado diferente...
Não, nada justifica que um Português ganhe assim TANTO MENOS do que outro Português. Nada. Lembro-me bem de quando dias depois do vinte e cinco de Abril o ordenado mínimo foi colocado a 3.300 escudos. Valia então o escudo duas pesetas e meia, lembram-se?
Nada, meus amigos, nada. E isto é o mal absoluto. Não se pode relativizar isto. Assim como - já que pedem a "todos" "sacrifícios", ou, descodificando, pagar mais, a antecipação de dividendos por várias empresas - por ex. a Jerónimo Martins - de forma a pagar menos impostos, "pode ser feito", é certo, mas é imoral. A linha divisória não pode ser só a lei...
Os ricos deviam - também eles... - pagar a crise...

O 1º dia do resto...

No 1º dia depois da greve geral “que-mobilizou-ainda-mais-gente-do-que-a-outra”, o que escrever? Ontem, o jornal Público publicava um artigo sobre a nova emigração, a das cabeças-pensantes.  Preocupemo-nos em fazer país, que elas voltam… Por outro lado ficámos a saber que o resgaste da Irlanda não diminui o famoso “risco de contágio” e que a Irlanda vai diminuir o salário mínimo… Preocupemo-nos em fazer país, que a coisa passa…  Finalmente a ministra do Trabalho tranquilizou-nos a todos ao referi que a greve geral tinha sido "tranquila”… Nem com um daqueles descodificadores universais da CIA se entende o que ela queria dizer com isto… mas estamos a falar de uma não-pessoa, uma figurante num filme de zombies, um não-ser apanhado num governo onde só há ministros maus, muito maus, ou lugares vagos, hoje, sempre, ou já-amanhã-se-repararmos… Ela realmente nunca existiu no governo por pura impossibilidade.
Portanto, ela disse o quê?

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Nos percursos do coiso...

APITADELA na SCUT

domingo, 14 de novembro de 2010

De como a poesia está presente mas é parca ajuda.

Ontem, por compromissos profissionais previamente assumidos, tive que dar um curso a colegas mais novos dentro da minha área de trabalho, curso que aconteceu ao início da tarde no antigo Meridien. Este curso repetia grosso modo um curso similar acontecido há um ano, pelo que o trabalho de preparação nem foi particularmente custoso. O tempo passa, algo podia ter mudado no que se sabia em 2009 para o que se sabe em 2010. Reciclei, aqui e ali refiz. Podia ter feito melhor. Não tive tempo, motivação, rasgo, empenho, coração. Ficou uma coisa assim em forma de "mais-ou-menos", onde ao rever-me fico ainda mais bem disposto do que já de base ando. Enfim...
Nisto pensava, e em outras coisas, enquanto esperava pelos meus "alunos", pen drive já anexada ao portátil da organização. Tomara um café no piso inferior, e enquanto o tomava estivera a reler um livro de poesia que recentemente me impressionou, de Amadeu Baptista, "O Ano da Morte de José Saramago". De repente resolvi abrir as minhas pobres palestras com uma frase retirada do livro em questão, e que me tinha impressionado:

"A desgraça de um país mede-se na distância que vai das instâncias do poder / à esperança dos seus habitantes, (...)".

Ministradas as prrimeiras duas palestras e concedido o intervalo, busquei uma reabertura das hostilidades condigna, e nada melhor que o título do panfleto escrito n'"Os Gatos" em 1889 por Fialho de Almeida, e agora com edição isolada na Assírio & Alvim:

"Carta a D.Luís Sobre as Vantagens De Ser Assassinado."

Acho sinceramente que os meus educandos só ganharam com estes dois flashes de neon sobre os dias de hoje, eles que dedicadamente se preparam para pertencer a uma elite, émulos de Esculápio, sucessores de Galeno.
Espero que daqui a anos, quando nos cruzarmos nos corredores do hospital ou, o que é o mesmo, do NorteShopping, o facto de me evitarem o olhar seja apenas porque perceberam, a vida atingiu-os com o murro do costume debaixo dos queixos e afinal perceberam e custa-lhes ver em mim as marcas da mesma agressão, com vinte anos de avanço, ou atraso, como queiram chamar.
Eu, por mim, cá vou estando. Leio livros, almoço, e também janto. Faço uns cursitos "mais-ou-menos". E confesso que esta coisa da crise me preocupa na exacta medida que está difícil chegar com o ordenado até ao fim do mês. E é só.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por fim

- Casa Pia


Talvez seja este o mágico poder da nossa justiça: conseguir, depois de milhões de recursos, lapsos e outras fintas, chegar à conclusão inesperada (?) de que, afinal, todos os arguidos são bons rapazes e se há maus rapazes, neste processo, esses são, de certeza, os outros, os que eram menores.

Não me espantaria, por isso, que depois de milhões de acusações, reconstituições, lapsos, adiamentos e outros acontecimentos, estejamos muito perto da decisão correcta: a absolvição de todos os suspeitos e a condenação de todas as vítimas.

Na verdade, quem é que nos diz que as coisas não se passaram precisamente ao contrário? Porque não fizeram as “mesmas” inspecções corporais aos dois lados da barricada?


- Chinesices


Talvez daqui a uns tempos tenhamos direito a pagar os mesmos impostos que os chineses têm pago, por aqui. Se o presidente da China deixar, claro.

Com esta visita presidencial, estreitaram-se as relações e estreitou-se o nosso país que fica na fotografia como a sopeira parola do gigante amarelo, a quem mostrou os bolsos vazios e as mãos cheias de talões, recibos e facturas por pagar.

Se viessem mais depressa, talvez ainda pudessem ter assistido à aprovação do orçamento, embora sem terem, ainda, direito a voto.


- Por fim


Seria importante ouvir da boca de um político qualquer, que a vida não se esgota no dinheiro e na economia, mas pode finar-se, irremediavelmente, na tristeza imensa que os nossos governantes e oposições fazem questão de semear nas declarações, ameaças e arrogâncias politicamente sensacionalistas e correctas.

Ora, tudo isto, misturado com as elevadas doses de pessimismo que as televisões e rádios apregoam, dá um resultado diabólico e perfeitamente desnecessário.

Esperemos que os nossos (do Estado) incumprimentos financeiros e a nossa queda para não funcionarmos em termos de justiça, não nos arranjem uma obrigatoriedade de começarmos, um destes dias, a sermos todos uns “made in china”.


Nelson Ferraz in "Maia Hoje",12.11.2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

7% ou mais

Depois dos 7, não há (tens razão, amigo) muito mais para dizer, mas, já agora, quem é que vem aí?
O FMI ou o FIM desta trapalhada rectangular de navegadores apagados?

domingo, 7 de novembro de 2010

Duas achas...

para a fogueira:

a) a entrevista de Campos e Cunha ao jornal Público.

b) a entrevista de Henrique Neto ao Negócios, cuja totalidade não nos é acessível, donde um best of, cortesia alheia.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Um jogo

Contas, mercados, défices, crises, juros, sacrifícios.

O pior do mundo, meu amigo, são estes políticos de trampa e esta "informação" macabra e depressiva que teima em
borrar de negro a paisagem preta que nos afoga.

Estes tempos são tempos de um jogo a duas mãos, imoral e viciado.

Um dos jogadores está farto de fazer truques e trapaças e, um dia destes, dará o lugar a outro que, parece-me, tem um jogo de merda.

domingo, 31 de outubro de 2010

Não sei...

se rir ou se chorar...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O erro e a sua margem.

Vivemos suspensos deste melodrama orçamentado. Não falamos, não respiramos, estamos paralizados. No fim de tudo vão eles chegar à conclusão que sim, de que "temos papa", muita pouca papa, mas sempre vai dar para alguns, aprove-se portanto o orçamento.
Depois, vai-se a ver, e a comer a papa estão afinal os mesmos e um tempito mais, um tempito extra, e fomos nós que cedemos e permitimos, lhes démos a legitimação ao acreditar nesta história do "ainda bem" e do "vá lá que afinal foi aprovado"!
Sim, vamos cometer o mesmo erro, perdoar a vida a quem não a merece. Um erro, amigos, um erro, e um erro para o qual a margem neste momento já é nula.
Acabou-se o tempo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Serviço Nacional de Saúde não é gratuito...

O SNS e o facto de se dizer do mesmo "ser gratuito - tendencialmente" voltou a ser discutido na sequência da desastrada proposta de revisão constitucional emanada dos lados do PPC/PSD.
Acontece que o SNS não é gratuito, e tendencialmente é uma "curiosa palavra", como diria Mota Amaral...
Há uns tempos tive alguma dificuldade a explicar a uma doente como na sua conta de taxas moderadoras apareciam três ecografias quando só se lembrava de ter feito uma... o hospital cobrava-lhe três fazendo uma divisão "geográfica" do exame... Com a observação de três... "sectores" do corpo, pimba, três ecografias, o que dava no total aprox. vinte euros.
Claro que no "outside", na "privada", o exame deve custar mais do que o quádruplo, ok... mas a verdade é que não ficou de graça a uma doente que está em situação de desemprego de longa duração e portanto nem sei se o respectivo subsídio ainda recebe...

A terceira via à portuguesa.

O assalto, o esbulho, o incêndio é completo.  É engraçado toda esta polémica à volta da 1ª República, dezasseis aninhos imberbes e mal barbeados. O vinte e cinco de abril leva trinta e seis anos em cima.

O que vai sobrar deste país? Não sei. O défice de qulidade de quem nos tem governado é por demais evidente. Não sei o que vai sobrar deste país.

Noutros tempos eu diria que este país estava prontinho para um golpe de estado. E nesse sentido quase estaria a ansiar pelo mesmo, de modo a que finalmente onde o inimigo se tornasse mais claro. Como os tempos já não são de golpes de estado, no meio da confusão descubro que o inimigo me/nos tem rodeado.

Resta-nos esta originalidade, talvez a nossa última, a invenção deste populismo de esquerda em que estamos, tipo terceira-via-da-ponte-sobre-o-tejo, projectado ali perto da Covilhã, ou um pouco mais acima, em Maçada de Vilar...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

as guerrinhas dos cem anos

depois de cem anos, o que fica para comemorar? uma réstia de orgulho na mudança de bandeira? uma simples troca de fardas? um apear de cavalo entre batalhas? uma questão de honra? um gesto ideológico?
depois de cem anos, o que fica para comemorar? uma modernidade política? uma ideia estrondosa de serviço público? uma reforma civil? um discurso da memória simbólica? uma escola de cidadãos?

ou a evolução histórica da nossa identidade, tornada democracia?

depois de cem anos, que cultura, que História e que conquistas ficaram inscritas neste pedaço fundamental de país que não se encontra em nós, quando o olhamos?
depois de cem anos, quantos séculos se intrometeram entre o voluntarismo revolucionário do povo e a intransparência acomodada da nobreza?
depois de cem anos, que reformas sociais, que estabilidades e que justiças ficam para comemorar?

há cem anos, os republicanos decidiram que o reino carecia de mudança e hoje o que fica para comemorar circunscreve-se a um punhado de eleitos que, em alturas como esta, se aplaudem mutuamente, entre uma taça de champanhe e uma fatia de bolo-rei.

hoje, um simples orçamento, inventa torneios pouco saudáveis e toda a gente que ser rei da república.

os arautos noticiam guerrinhas de instante em instante e, de vez em quando, Passos Coelho grita: “ o Sócrates vai nu!”.

e tu, Passos Coelho, não seria melhor vestires qualquer coisa?

Nelson Ferraz in “Maia Hoje”, 08.10.2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O José.

Como foi possível que ele chegasse onde chegou? Porque o pusémos lá? Como não adivinhámos? Que relação foi esta entre um país e um povo vendido ao compra-e-vende e um homem que só sabe isso mesmo, vender-se, comprar-nos?
Como voltar atrás? Como esquecer tudo isto? Como sarar esta ferida aberta por onde o coração nos desapareceu e ficou um cartão de crédito a tapar a abertura, com uns talões para a gasolina a ajudar? Conseguiremos voltar atrás? Não sei. Às vezes, um número muito razoável de vezes, apetece-me ir embora e deixar este país para trás, este país que já não é meu, este país bonito, simpático e pouco inteligente, que se vendeu.
Vendeu, está vendido.
E agora, José?

p.s.: José é ainda o primeiro nome  mais frequente em Portugal, esquecendo as Marias... assim à primeira lembro-me logo do José Maria Nicolau, ciclista... agora a sério, a verdade é que foderam-nos dois Josés, o José Manuel e este...

domingo, 10 de outubro de 2010

Volta Saramago, nós te perdoamos.

Que pena tenho eu que o Saramago já não seja vivo, só ele para criar uma boa história à volta deste Orçamento 2011, um livro, já sabemos, com aquele toque de realismo mágico de origem tingido de ribatejanismos contemporizado com um que outro lanzarote (esta é nova...), enfim, transformado em libreto no ano a seguir, música de John Adams, ou do António Pinho Vargas, estreia em São Carlos Outubro de 2012, na primeira fila Strauss-Kahn, presidente do FMI, em transição para o Eliseu. E à sua direita... quem?
Como diria Artur Albarrã, o HORROOR, o MISTÉÉRIO, o SUSPEENSE!
E quem se fode é o MEXILHÃOO!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

meanwhile

Primeiro, vestiu-se de carne.

Depois vestiu-se de cabelo humano.

Primeiro, ninguém viu o pénis- sem prepúcio- de boi almiscarado, servindo de cinto.

Depois, ninguém reparou na estranha e repentina calvície dos políticos europeus.

Lady Gaga está, finalmente, pronta para vestir um Orçamento dos nossos.


Meanwhile, a RTP já começou a anunciar, em força, dois concertos de Tony Carreira para 26 e 27 de Novembro. Não se sabe, ainda, o que levará vestido.


Sócrates diz que vamos melhorar. O FMI diz que não. Coelho não se compromete. Sócrates, Coelho e muitos outros estão-se cagando para o bem-estar dos portugueses. Lutam, apenas, pelo poder.


Um dia, de todos eles se dirá que foram músicos, ou melhor: palhaços.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Isto até parece real

Chegou o PEC 3.

Realmente, estes gajos não usam meias na cabeça, mas...

Dilma & Lula.

Para quem tem uma visão idílica do camarada Lula da Silva recomendo a leitura deste editorial do Estado de São Paulo. As eleições são Domingo...

Os senhores 5%.

Ora então vamos fazer umas contas:

A função pública tem mil gajos ali a trabalhar. Que ganham, por ex., dois mil euros/mês. Por mês dois milhões de euros. Desses mil há cem que não fazem um corno! Despedi-los significa uma poupança de duzentos mil euros/mês! Toda a gente sabe quem eles são, claro, mas enunciá-los, apontá-los a dedo, ou apenas chamá-los e dizer: "ó meu, vai-te embora!, estrupício...", enfim, não apetece...
Então, vamos fazer assim - vamos pôr os mil a ganhar mil e novecentos euros/mês! Eu sei que a poupança acaba por ser só cem mil euros, mas o esforço fica dividido por todos, os úteis e os inúteis, os que trabalham e os que fazem pareceres e relatórios... e sempre se poupa alguma coisa e "manda-se um sinal para os mercados"...
Sim, parece-me bem, não tenho nada a dizer... e vocês?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Não à subida dos impostos, se não se importam...

Os mercados são os mercados são os mercados. A ideia (deles) não é  futuro de Portugal e dos portugueses, essas merdas. A ideia é saber como vai Portugal pagar-lhes! É nisto que os mercados pensam! Portanto, os mercados estão de acordo em que os impostos subam! Claro, tem lógica! Os mercados já perceberam que Portugal não sabe diminuir a despesa. Não sabe! Bom, mas tem de pagar de qualquer maneira! Bute, os mesmos de sempre, agora ainda um pouco mais! Impostos? Valeu!
Agora, nós, os camelos do costume, nós sabemos que é possível diminuir a despesa, ó se é! Vamos puxar do léxico e do lápis vermelho e começar a cortar!
Ora bem, aqui vai: acessores, coordenadores, assistentes, subsecretários, adjuntos, acólitos, os vícios e os vices, os adidos, os aderidos, os que parecem a tempo inteiro mas não estão, os que parecem guiar com as duas mas guiam só com uma mão, a outra a guiar o carro do vizinho, parte concorrente logo muito interessada, os comissários, os peritos, os que sabem, os que toda a gente sabe que sabem, os encostados, os deitados, os de pé mas bem agarrados, os açapados, lapados, entupidos, cagados mas que disfarçam e até alguns que nem isso, enfim, milhares, milhares de gajos e gajas que têm de ir para a filha do olho da puta da rua!
Eu acho que o desemprego em Portugal tem de subir! SUBIR! Percebem o que eu quero dizer? Mas não me aumentem mais a merda dos impostos, só porque é difícil, é duro, "eu pelo menos não tenho coragem", de despedir o Teté, o Bidé, e o Dácácá, certo?

Ide apanhar...

sábado, 25 de setembro de 2010

Ai quanto tarda o Orçamento, essa merda...

Em Espanha o Orçamento 2010/11 já saiu à luz do dia. Foi assim que o El País o comentou: "Recortes de gasto y alzas de impuestos buscan un solo objetivo: consolidar la confianza en España." Se as coisas estão assim na casa grande aqui do lado, como vai ser para nós, pequeninos e atrasados, Orçamento por fazer, os mercados mais, oh bem mais, do que muito desconfiados...

domingo, 19 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

VPV e Salazar

A 5/09 publicou Vasco Pulido Valente um acertado comentário à biografia de Salazar que hoje por hoje por aí tanto está a vender.
Acho o seu texto tão pertinente que, socorrendo de alguma pesquiza e contornando assim as travas habituais do jornal Público, aqui vai um bom excerto:

"Saiu finalmente uma biografia de Salazar (a de Franco Nogueira era almanaque hagiográfico sem sentido ou valor). A biografia é de Filipe Ribeiro de Menezes, doutorado em Dublin e professor de uma universidade irlandesa. (…) vale a pena ler esta longa e minuciosa história do homem que governou, sem sombra nem rival, gerações sobre gerações de portugueses e conseguiu criar uma cultura política que hoje ainda pesa - e pesa muito - na democracia que temos.

Para quem viveu sob Salazar – e já deve haver pouca gente –, o que falta nesta biografia é, naturalmente, a atmosfera do regime. Porque não existia uma ditadura, existiam milhares. Cada um de nós sofria sob o seu tirano, ou colecção de tiranos, na maior impotência. A família, a escola, a universidade, o trabalho produziam automaticamente os seus pequenos "salazares", que, como o outro, exerciam um autoridade arbitrária e definitiva que ninguém se atrevia a questionar. A deferência – se não o respeito – por quem mandava era universal; e essa educação na humildade (e muitas vezes no vexame) fazia um povo obediente, curvado, obsequioso, que se continua a ver por aí na sua vidinha, aplaudindo e louvando os poderes do dia e sempre partidário da "mão forte" que "mete a canalha na ordem".
Só num ponto, essencial, Salazar perdeu. Queria um país resignado à pobreza cristã e Portugal, se continua pobre, não se resigna agora à pobreza com facilidade e abandonou a Igreja. (…) E o mundo moderno desorganizou o Portugal manso e miserável que ele com tanta devoção construíra. O preço que pagámos pela ditadura desse provinciano mesquinho é incalculável."

No momento em que medra algum revisionismo histórico sobre o antes do 25 de Abril - o que não é difícil quando do outro lado só há Fernando Rosas... - este texto é bem mais do que um mero tónico capilar. Quantos de nós não vivemos no emprego coisas que lembram isto, cuja raíz digamos genética, está nisto? Em Portugal ainda há os ditadorzinhos de pacotilha, os do quero posso e mando, os bufos da corte e os bobos da mesma, os marginados e os marginais e o pior neste mundo português sempre foi o ser apontado a dedo.
Ainda nos perguntamos porque o cinzento dos carros, das roupas e das caras?

 

A ciganada, mais uma vez.

Indo pedir ajuda a um blog que nem sempre curto, e porque citaram um autor que até nem venero, eis a melhor súmula desta coisa que me arrepia...

Por outro lado, Zapatero, que eu já declarei morto, ressuscitou. Mais valera que não...
Ainda me lembro de quando Sarkozy o insultava de mansinho, e Zap comia e calava, como buen cristiano. Esta maltinha de esquerda, toda cheia de boas intenções e cuidado onde pisas e atenção com a cotovia que se extingue, seguindo os bons exemplos de malta cuidadosa de direita, o Berlusconistin e o Sarkozystov, probos e discretos em tudo o que vão dizendo por aí...
Para finalizar, 56% dos franceses aprovam as expulsões, "mas" e faço o sublinhado do jornal, é o eleitorado de direita, as classes mais baixas, e os mais de 60 anos... enfim, 56%, certo? Afinal, é uma democracia ou quê? Se a maioria quer atirar pedras...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

À atenção dos verdadeiros ecologistas

Por favor, ponham uma rolha na Heloísa Apolónia. O seu Potenciómetro Está Viciado.
Só tem dois registos: silêncio e berro. E é nesta última posição que costuma ficar encravado.

Meu Deus, como ela grita!...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Era uma vez um subsídio de Natal...

Senão, vejamos este link...
Agora sim, já percebi...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O novo ano lectivo, coisa e tal...

"A escola que não muda está por definição a piorar." (entrevista ao Público a 14/09).
A nossa ministra da Educação não me parece nada burra. Escreve aqueles livros para crianças onde estas têm um arremedo de "Aventura" (só "Uma" de cada vez...), não diz enormidades como a actual presidente da FLAD e sua antecessora, as caras que faz para a fotografia infundem respeito e alguma apreensão até, para todos nós que já fomos alunos e ao ver uma professora assim com cara séria pensamos "eh, lá..."...
Mas a citação acima só pode ser uma piada e, que eu saiba, Isabel Alçada não trabalha para as Produções Fictícias". Oxalá assim fosse e os seus colegas de trabalho já estariam a apontar-lhe o dedo e a rebolar de riso.
É que a escola portuguesa não tem feito outra coisa nos últimos anos do que mudar. E não há meio de melhorar...
"Há professores nas comissões de protecção de menores." (a propósito de "As escolas devem aproveitar melgor as parcerias.").
Estou a ver: depois da discussão de três casos de crianças abandonadas, quatro violadas em série, e duas encontradas a pedir nos semáforos vai o professor e saca uns papéis da pasta e diz aos colegas da comissão: "ó pá, só para terminar, queria falar-vos aqui do Zé Luis, ele não é meu aluno, é da Luísa, não sei se a conhecem, o gajo já é a segunda vez que lhe atira com o apagador, enfim, e aquilo na sala de aula é um cheiro a chocolate que nem vos conto..."
Dizer que as escolas têm muitas condições implica a utilização do condicional dos verbos, o que não é das coisas mais saudáveis como sabemos. E se, e se, e se aumenta exponencialmente o uso de gastroprotectores. Ser professor não é pera doce.
Também há aqui outra coisa que me faz alguma confusão e que tem a ver com esta coisa do diálogo ser sempre com esta Lisboa que nos governa. Muitas das competências no que diz respeito às escolas pertencem hoje às autarquias. Porque não deixar coexistir diferentes modelos de organização educativa em diferentes concelhos deste nosso plantado país à beira-mar? Desde que a política de transferências financeiras esteja bem definida para que a pedinchice não expluda, porque não os pais poderem escolher entre a Maia e Matosinhos, por ex., para ter os seus filhos na escola, porque por ex., o concelho da Maia lhes parece que tem a coisa melhor organizada, a funcionar melhor, etc. E depois tirar as ilações e aprender! Na, as boas decisões serão sempre vindas de Lisboa, como aliás têm sido! Lisboa decide, depois as autarquias amanham-se como podem... Eu sei a opinião que temos sobre a inteligência dos nossos sub-autarcas mas, e sobre a inteligência da malta do ministério? A malta das autarquias ao menos costuma almoçar nos mesmos sítios que nós costumamos, podemos sempre entornar-lhes um prato de esparguete por cima como protesto!
"Não são 30 quilómetros, são 15 para cá e 15 para lá."
Entre Ovar e o Furadouro são 5 quilómetros e em linha recta. As carreiras da Feirense e as do Inácio despacham aquilo em... quê, um quarto de hora, vinte minutos, com as paragens... Se fosse 15 quilómetros, bom, e com curvas e subidas e descidas, bem... quando falamos de distâncias devemos falar de tempos que demoram as tais distâncias na prática a ser percorridas, quando é que a criança tem que se levantar ou deitar, que tempo lhe sobra para estudar, em casa ou num ATL, ou também para brincar, essa coisa fundamental quando se é criança, certo?
Em Lisboa há esta mania de ter os gabinetes todos virados para o Tejo, para sul, e tudo se vê mais claro do que nos outros sítios, já o pensava o Afonso Henriques.
Mas hoje aí em Lisboa também está nublado, não? Na maior parte do vosso país, caros amigos, ESTÁ!

Decidam-se, caralho!

Afinal ajudem-me, expliquem-me, orientem-me. Estamos a piorar ou a melhorar? Isto do crédito externo vai a bem ou vai a mal? E a América, hã? E a Europa, hein? A bolsa sobe e desce, o desemprego desce e sobe, os juros, a inflação, o risco de deflação, a lenta recuperação, os bancos não vão ser os mesmos, o emprego também não, cuidado cuidado, enfim… ontem que uma coisa, hoje uma outra e amanhã talvez também porque não, será o Sr. Dr. Ricardo Salgado, por exemplo, o mais poderoso dos poderosos segundo o Negócios, que podia… definir a directriz, a perdiz, a geometriz desta merda e explicar-nos a que velocidade vamos bater lá em baixo, lá bem no fundo? Avioneta? Parapente? Tipo 747?

Foda-se, decidam-se, caralho!

É que não são vocês, somos nós!!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Virar.

Algo me diz que nos próximos meses o PS vai virar à esquerda...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Isto é muito complicado...

Vidé o link do Público, que ilustra o atrás escrito. Mais interessante o fórum de opiniões lá para baixo...

domingo, 29 de agosto de 2010

Se a feira de Custóias fosse em França...

...talvez esta história da expulsão dos ciganos de origem romena não estivesse a acontecer.
Em tempos de crise a função social de centro comercial dos pobres que os ciganos têm ajuda a uma melhor convivência e tolerância pela nossa sociedade dos ciganos. Por outro lado, os nossos ciganos já vieram há muitos anos dum oriente de que eles próprios já nem se lembram, ao passo que estes ciganos de origem romena e búlgara e a tentar desesperadamente sobreviver em solo francês, fogem sobretudo de uma pobreza e de uma segregação ainda mais fortes nos países de origem, colocando entre aspas o apelo do ministro Romeno dos Negócios Estrangeiros para uma solução europeia para os roma, ie, os ciganos... Sabendo nós que no parlamento romeno têm assento deputados que defendem pura e simplesmente a expulsão de todos os ciganos da Roménia, o que distingue Sarkozy destes deputados? Roménia, esse confuso e estranho país membro da "nossa" União Europeia onde a percentagem de licenciados é superior à nossa, o salário médio menos de metade do nosso, e onde vive uma importante minoria húngara no nordeste, uma outra mais pequena alemã - donde nasceu a prémio Nobel Hertha Müller, hoje a viver na Alemanha - e ainda a maior comunidade cigana europeia. Roménia, que tem um país irmão a falar a mesma língua logo em frente - a Moldávia, país-pária, sequela da guerra fria.
Os ciganos, a única Europa que é nómada, quando a Europa é por definição uma civilização sedentária. E não começam os nossos livros a contar a nossa história falando das primeiras cidades? Os nómadas sempre foram os inimigos, os ladrões, os assaltantes. Embora com o  passar dos séculos se transformassem nos comerciantes, nos comunicadores, nos que dançam e cantam e fazem a música que fica. Perguntem a Kusturica sobre a música dos Balcãs.
Esta Europa, que sonha toda em se transformar numa única e enorme Confederação Helvética, horários do lixo incluídos, desaprendeu o valor desse sonho alternativo que representam os ciganos, filhos da estepe do leste que entra pela Europa adentro pelo norte da Roménia, pela Hungria. Os húngaros por sua vez têm a mesma origem no leste asiático, embora o império Austro-húngaro os tenha "centralizado", tornado quase aprendizes-modelo do sonho mittel-europeu.
Mas não nos desviemos. Os ciganos são "a" minoria europeia. Ou nem isso: se na Europa eles metaforicamente fossem os 20% de oxigénio cruciais para que ainda haja "sinais de vida", será o oxigénio uma "minoria" molecular no ar que respiramos?
Tentemos ser com eles menos estúpidos do que temos sido com relação ao Islão. A Europa tem com os ciganos uma dívida que não tem com o  Islão. Tentemos compreende-los. Criar pontes de diálogo. Obrigar os governos Romeno e Búlgaro a cumprir a lei - europeia, por ex. Queremos que eles cumpram a lei - de acordo - mas não cumprimos a lei com eles!
Acabar com a Escola Móvel significou que Portugal está atento aos sinais dos tempos...
E se eles se quisessem manter nómadas? Que fixe...

PS.: não haja quaisquer confusões os "nossos" ciganos são nossos há séculos, e sentem-se perfeitamente portugueses, lembro aliás um histórico documentário sobre a urgência do meu hospital onde a única nota dissonante era um ortopedista, conhecido energúmeno da nossa praça, destratar um cigano, que lhe respondia aos berros que "também era português"... o que se pode dizer sobre os ciganos expulsos de França é que também são europeus...

domingo, 22 de agosto de 2010

Don't count'im out!

Responder ao Pontal em Mangualde já é em si uma boa manobra eleitoral.
Sócrates vai incutir nos pobres portugueses medo à mudança, vai transformar PPC num terrível papão.
E a verdade é que ele tem-se posto a jeito...
Por isso tanta conversa sobre a revisão constitucional!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

E aqui ao lado...

... finalmente Zapatero lembrou-se de que para o ano que vem tem eleições. Assim vai tentar diminuir o desemprego (o dobro do nosso!) e puxar algum do dinheiro das construtoras para o PSOE, acalmar as autonomias para assegurar o próximo Orçamento, etc...
Claro que o arcaboiço financeiro espanhol é um pouco diferente do nosso...

José Sócrates Fontes ou "eu também vou ter a minha Avenida..."

“Ainda de referir a aposta da Regeneração na área das comunicações à distância. Na alvorada do séc. XX, havia telégrafo em todos os concelhos do continente e em muitos povoados. No panorama dos países europeus, Portugal ocupava uma posição muito honrosa, detendo um quarto ou quinto lugar, quer em relação à área do território coberta peça rede telegráfica, quer em relação ao número de habitantes servidos por estações. (…)

(…) as primeiras comunicações experimentais de telefonia realizaram-se em Portugal logo em 1877, um ano depois de Bell ter registado a patente do aparelho.
No início da década de 1880 começaram os preparativos para a instalação das primeiras redes telefónicas públicas, em Lisboa e no Porto, e, em breve, Portugal seria o sexto país do mundo a ter sistema telefónico. (…)
A política fontista de transportes, comunicações e de grandes infraestruturas públicas não só se mostrou insuficiente para proceder à indispensável unificação do mercado interno e para lançar o desenvolvimento, como foi feita à custa do endividamento interno e externo, de défices orçamentais e da balança comercial, que acabaria por gerar uma situação financeira difícil e pôr o país na perspectiva de uma falência generalizada.
A verdade é que Portugal se encontrava longe de encetar um processo de industrialização e modernização económica e social semelhante ao que caracterizava os países europeus mais desenvolvidos, apresentando na viragem do século taxas de crescimento muito modestas, ao nível das mais baixas registadas na Europa.”

Isto escreve Mª Fernada Rollo no "Público" a propósito dos últimos anos da Monarquia e da transição de Portugal para o século XX. Um século depois...

sábado, 14 de agosto de 2010

O fim da Escola Móvel.

Isabel Alçada manchou definitivamente o seu consulado ao extinguir o projecto Escola Móvel. Deste beneficiavam 110 crianças filhas de pessoas que ou por exigências do seu trabalho ou - e porque não? - por opção viviam a viajar pelo país fora. Ciganos, feirantes, artistas de circo. Tudo gente com uma enorme capacidade reivindicativa. CENTO E DEZ não é muito. E o argumento resume-se a um: apesar do confesso sucesso escolar dos alunos em questão, o programa Escola Móvel era, peso por peso, caro.
Não sei o quão caro pode ser uma coisa destinada apenas a cento e dez alunos. Sei sim que a grande governação distingue-se pelos detalhes. E este detalhe, o fecho sem remissão de um programa de escola para os jovens que vivem em itinerância, matou qualquer crédito que, para mim, a ministra Isabel Alçada pudesse ainda ter.
O fecho das escolas com menos de vinte e um alunos, na minha opinião outro crime, podia ter como defesa uma opção pedagógica, ultrapassada, anacrónica, mas possível. Já escrevi aqui que a minha forte suspeita é que a única real razão era poupar.
Os CFC's eram uns maléficos compostos quaisquer que residiam nos sprays ou algo parecido. Agora tenho ideia que estão em vias de extinção Estes outros CFC's - Ciganos, Feirantes e Circenses - são para extinguir ou manter no mundo da ignorância. O projecto alternativo será uma coisa obviamente mais barata, mais pobre, mais em consonância com os destinatários.
Era uma vez uma sociedade solidária e atenta às suas coloridas margens.
Era uma vez um país onde de vez em quando aconteciam coisas de que eu me orgulhava.
Será que Isabel Alçada alguma vez leu Bruce Chatwin?

domingo, 8 de agosto de 2010

1975, 1978...

Hoje calhou almoçar com alguém que não tem a nacionalidade portuguesa. E calhou falar - quase foi um monólogo - sobre esses anos idos que em Portugal já quase a ninguém apetece querer lembrar.
Tudo começou, imaginem, ao me ser comentado que uma amiga comum, quatro anos mais nova que eu, se reconhecia em tudo na bendita série televisiva "Conta-me Como Foi". Refutei um pouco a rir, que o início dos anos setenta em Lisboa não foi bem igual em Ovar, onde eu então vivia. Por outro lado, essa nossa amiga comum fez dez anos em 78, e eu em 74, anos pouco comparáveis sobretudo ao nível político mas não só... para começar eu tinha portanto conhecido a escola primária antes do 25 de Abril , com castigos corporais frequentes, e ela não.
Conversa puxa conversa, acabei a contar o caso do jornal "República", e possivelmente não lhe fiz justiça, com tudo o de poético e sórdido e excessivo e irreal que ele representou, edição princeps de um ano de surrealismo à portuguesa de que só acordámos a 25 de Novembro.
Fui viajando no tempo e acabei no "consulado" Sá Carneiro, esses dois anos apaixonantes e ainda hoje impossíveis de historiar de uma forma neutra. Sim, quem consegue ler sem julgar e portanto tomar partido sobre a história desses primeiros tempos de Cavaco Silva ministro, a governar economicamente o país em contraciclo - com razão, sem razão? Quem consegue hoje retirar algum senso da famigerada "lei Barreto" que começou a destruir a famosa "Reforma Agrária" e tentou criar - pelo que sei sem qualquer sucesso - algum minifúndio em terras retiradas às famosas UCP's, tempos cuja tensão levaram possivelmente a que o nosso eminente sociólogo se desgostasse definitivamente - e já lá vão trinta anos... - da política activa e se dedicasse à fotografia, à escrita, aos colóquios e à têvê, para além de... mais nada!
Anos loucos esses que me permitiram sobreviver a mais um almoço a dois...