Ontem muita gente foi para a rua. O tom foi quase celebratório - existe esta palavra? Não percebi porquê. Ainda ninguém me apresentou uma alternativa minimamente credível à malfadada Troika. A TSU foi uma proposta desajeitada e, mais uma vez, socialmente iníqua. Mas o dinheiro vai ter que saltar de algum lado, e não vai ser do ordenado do António Mexia, por muito socialmente insensível que ele esteja a ser. O problema está sempre no dinheiro! O dinheiro que Portugal parou de poder gastar mas com uns cinco a dez anos de atraso.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro. E Portugal é um país não demasiado capaz de o gerar. A Europa não está bem, é como uma família com as contas a deslizar para o vermelho. Irmãos vinte e sete, e desavindos. Portugal é não um dos mais novos mas sim um dos mais pobres. O "core" mais rico da família não sabe muito bem o que fazer connosco e, secretamente, pondera abandonar-nos á nossa sorte. A indecisão nasce de quanto esse gesto lhes pode custar a eles, não sendo nós a preocupação principal. Nós sim devemos preocuparmo-nos connosco. Endireitar as contas tentando que isto se faça de forma o mais socialmente justa possível. Não faltando ao respeito ao povo todo que somos nós. Só endireitando as contas poderemos endireitar as costas e olhar em frente. Todo o país - incluindo os que mais sabem e, muito, os que mais têm - deve empenhar-se nesta ressurreição. É costume dizer-se que nestas ocasiões mais do que nunca, um país precisa de um timoneiro em que acredite de forma a ver "a vida para além da crise", a "luz no fundo do túnel", uma vida e uma luz portuguesas e, esperemos bem, europeias. Pedro Passos Coelho não tem - e esta última semana demonstrou-o à saciedade - a altura, a envergadura, a sensibilidade, a inteligência para ser o timoneiro que Portugal hoje precisa.
Estamos então no mato e sem cachorro.
Sem comentários:
Enviar um comentário