Parece-me a mim que a generalidade das pessoas não captou a gravidade da notícia havida a 1/3 no jornal Público.
Levo uns anos migrando progressivamente as prescrições dos meus doentes dos fármacos de marca para medicamentos genéricos. Tendo o apoio científico e institucional que o Infarmed é suposto dar-me, certificando estas medicações como equipotentes, isto é, igualmente eficazes naquilo que é suposto elas tratarem, a saber: Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, Dislipidemia, Insónia, Quadros Depressivos vários, Osteoporose, Hiperuricemia, Reumatismos, etc., etc.
Eu sei que crianças são crianças, eu sei que um transplante hepático é um transplante hepático. Mas... QUALQUER medicamento genérico aprovado pelo Infarmed, falando leigamente, não faz a mesma merda, seja o desinflamar de uma unha encravada, seja o imunossuprimir e defender um fígado transplantado? Estamos a brincar? Aparentemente estão, e com os meus doentes, os tais que confiam em mim e a quem eu pretendo aplicar o tratamento mais eficaz! O que aparentemente não está a acontecer porque eu agora receito-lhes... genéricos! Que parece que afinal não são tão bons como... serão apenas tipo 75%, 80%... Parece que poupar nas dezenas de milhar de doentes com os diagnósticos acima à custa de uma perda de eficácia... tudo bem! Embora isso possa significar um excesso de alguns milhares de AVC's/ano em Portugal, por exemplo, com todos os custos humanos e económicos que decorrem! Nas poucas (e obviamente muito infelizes) crianças que sofreram um transplante hepático, não! Nestas é que nãp podemos facilitar!
Mutias mais coisas haveria a dizer sobre esta notícia, onde gente vária me parece ficar mal parada. Mas o mais grave, o mais grave mesmo é isto: tenho EU, EU, autoridade moral para continuar a receitar genéricos aos meus doentes?
História pública
Há 20 horas
Preocupante e ridículo.
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