PS e PSD têm protagonizado nas últimas décadas um diálogo curioso para saber quem é o partido mais retintamente português.
Luta que se agudizou nos últimos tempos e paralelamente a alguma discreta mudança do paradigma sobre a definição do que é esta nossa gente, seus hábitos e expectativas. Dentro desta translação, o partido de José Sócrates, que eu me recuso a dar-lhe o nome de PS, pareceu durante algum tempo levar uma boa vantagem, conquistada, pareceu-me, com alguma aleivosia e bastante inconsciência, de parte a parte, que é como quem diz: de país para partido e de partido para país.
Fazendo agora um curto intervalo e rumando para os terrenos da fisiologia cardíaca, lembro ser o nosso coração constituido por duas aurículas e dois ventrículos, que se organizam sobretudo numa metade direita - a recebedora do sangue venoso e que o distribui para os pulmões - e numa metade esquerda - que o recebe oxigenado dos pulmões e o bombeia forte forte para todo o corpo.
Como já se adivinhou, aqui vem a analogia: é o PS o nosso coração esquerdo, sendo o direito o PSD. Ou não fosse o nosso coração afinal o bloco central que tudo orienta e ilumina, qual central eléctrica, através da chama acesa do oxigénio pulmonar.
Um adequado coração direito, o PSD, será então a base de trabalho, o fundo do saco que afinal o preenche até meio, sem o qual não se preenche nem funciona o coração. Um bom PSD é um bom retorno venoso e muito mais. Sem um bom PSD não se levantam as gentes, e está o coração de rastos. O PSD é o Norte de Portugal. O PSD é uma boa amizade.
O PS será, é o coração esquerdo porque nele - em tempos - já residiu a paixão, o fogo, o bombear sanguíneo que tudo preenche e mais ainda. O PS abraça - ou abraçava - calorosamente, com paixão, elevando as gentes ao alto, porque embora de mansinho o PS em tempos ainda acreditava no homem melhor. Um coração esquerdo fraco, discinético, isquémico, é risco de muita coisa, incluindo a morte. Onde não há PS não há imaginação, não há a melhor cor vermelha. Nem o calor do Sul afinal nos parece nosso. O que é um choque. E um coração em choque não irriga, não transmite, não ataca nem defende, é como se não existisse.
O PS actual está em choque: "como podemos ter e sobreviver a ter este líder?". E estamos nós em choque com ele. Talvez um bom retorno venoso - um bom PSD - nos safe desta por uns tempos, mas tenho as minhas dúvidas... e mais ainda sobre o PS que virá depois, e isto porque haverá um depois, não?
NB.: com isto esclareça-se que não estou a defender qualquer governo PS-PSD para agora... nem para depois!
História pública
Há 18 horas
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