segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Isto é muito complicado...

Vidé o link do Público, que ilustra o atrás escrito. Mais interessante o fórum de opiniões lá para baixo...

domingo, 29 de agosto de 2010

Se a feira de Custóias fosse em França...

...talvez esta história da expulsão dos ciganos de origem romena não estivesse a acontecer.
Em tempos de crise a função social de centro comercial dos pobres que os ciganos têm ajuda a uma melhor convivência e tolerância pela nossa sociedade dos ciganos. Por outro lado, os nossos ciganos já vieram há muitos anos dum oriente de que eles próprios já nem se lembram, ao passo que estes ciganos de origem romena e búlgara e a tentar desesperadamente sobreviver em solo francês, fogem sobretudo de uma pobreza e de uma segregação ainda mais fortes nos países de origem, colocando entre aspas o apelo do ministro Romeno dos Negócios Estrangeiros para uma solução europeia para os roma, ie, os ciganos... Sabendo nós que no parlamento romeno têm assento deputados que defendem pura e simplesmente a expulsão de todos os ciganos da Roménia, o que distingue Sarkozy destes deputados? Roménia, esse confuso e estranho país membro da "nossa" União Europeia onde a percentagem de licenciados é superior à nossa, o salário médio menos de metade do nosso, e onde vive uma importante minoria húngara no nordeste, uma outra mais pequena alemã - donde nasceu a prémio Nobel Hertha Müller, hoje a viver na Alemanha - e ainda a maior comunidade cigana europeia. Roménia, que tem um país irmão a falar a mesma língua logo em frente - a Moldávia, país-pária, sequela da guerra fria.
Os ciganos, a única Europa que é nómada, quando a Europa é por definição uma civilização sedentária. E não começam os nossos livros a contar a nossa história falando das primeiras cidades? Os nómadas sempre foram os inimigos, os ladrões, os assaltantes. Embora com o  passar dos séculos se transformassem nos comerciantes, nos comunicadores, nos que dançam e cantam e fazem a música que fica. Perguntem a Kusturica sobre a música dos Balcãs.
Esta Europa, que sonha toda em se transformar numa única e enorme Confederação Helvética, horários do lixo incluídos, desaprendeu o valor desse sonho alternativo que representam os ciganos, filhos da estepe do leste que entra pela Europa adentro pelo norte da Roménia, pela Hungria. Os húngaros por sua vez têm a mesma origem no leste asiático, embora o império Austro-húngaro os tenha "centralizado", tornado quase aprendizes-modelo do sonho mittel-europeu.
Mas não nos desviemos. Os ciganos são "a" minoria europeia. Ou nem isso: se na Europa eles metaforicamente fossem os 20% de oxigénio cruciais para que ainda haja "sinais de vida", será o oxigénio uma "minoria" molecular no ar que respiramos?
Tentemos ser com eles menos estúpidos do que temos sido com relação ao Islão. A Europa tem com os ciganos uma dívida que não tem com o  Islão. Tentemos compreende-los. Criar pontes de diálogo. Obrigar os governos Romeno e Búlgaro a cumprir a lei - europeia, por ex. Queremos que eles cumpram a lei - de acordo - mas não cumprimos a lei com eles!
Acabar com a Escola Móvel significou que Portugal está atento aos sinais dos tempos...
E se eles se quisessem manter nómadas? Que fixe...

PS.: não haja quaisquer confusões os "nossos" ciganos são nossos há séculos, e sentem-se perfeitamente portugueses, lembro aliás um histórico documentário sobre a urgência do meu hospital onde a única nota dissonante era um ortopedista, conhecido energúmeno da nossa praça, destratar um cigano, que lhe respondia aos berros que "também era português"... o que se pode dizer sobre os ciganos expulsos de França é que também são europeus...

domingo, 22 de agosto de 2010

Don't count'im out!

Responder ao Pontal em Mangualde já é em si uma boa manobra eleitoral.
Sócrates vai incutir nos pobres portugueses medo à mudança, vai transformar PPC num terrível papão.
E a verdade é que ele tem-se posto a jeito...
Por isso tanta conversa sobre a revisão constitucional!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

E aqui ao lado...

... finalmente Zapatero lembrou-se de que para o ano que vem tem eleições. Assim vai tentar diminuir o desemprego (o dobro do nosso!) e puxar algum do dinheiro das construtoras para o PSOE, acalmar as autonomias para assegurar o próximo Orçamento, etc...
Claro que o arcaboiço financeiro espanhol é um pouco diferente do nosso...

José Sócrates Fontes ou "eu também vou ter a minha Avenida..."

“Ainda de referir a aposta da Regeneração na área das comunicações à distância. Na alvorada do séc. XX, havia telégrafo em todos os concelhos do continente e em muitos povoados. No panorama dos países europeus, Portugal ocupava uma posição muito honrosa, detendo um quarto ou quinto lugar, quer em relação à área do território coberta peça rede telegráfica, quer em relação ao número de habitantes servidos por estações. (…)

(…) as primeiras comunicações experimentais de telefonia realizaram-se em Portugal logo em 1877, um ano depois de Bell ter registado a patente do aparelho.
No início da década de 1880 começaram os preparativos para a instalação das primeiras redes telefónicas públicas, em Lisboa e no Porto, e, em breve, Portugal seria o sexto país do mundo a ter sistema telefónico. (…)
A política fontista de transportes, comunicações e de grandes infraestruturas públicas não só se mostrou insuficiente para proceder à indispensável unificação do mercado interno e para lançar o desenvolvimento, como foi feita à custa do endividamento interno e externo, de défices orçamentais e da balança comercial, que acabaria por gerar uma situação financeira difícil e pôr o país na perspectiva de uma falência generalizada.
A verdade é que Portugal se encontrava longe de encetar um processo de industrialização e modernização económica e social semelhante ao que caracterizava os países europeus mais desenvolvidos, apresentando na viragem do século taxas de crescimento muito modestas, ao nível das mais baixas registadas na Europa.”

Isto escreve Mª Fernada Rollo no "Público" a propósito dos últimos anos da Monarquia e da transição de Portugal para o século XX. Um século depois...

sábado, 14 de agosto de 2010

O fim da Escola Móvel.

Isabel Alçada manchou definitivamente o seu consulado ao extinguir o projecto Escola Móvel. Deste beneficiavam 110 crianças filhas de pessoas que ou por exigências do seu trabalho ou - e porque não? - por opção viviam a viajar pelo país fora. Ciganos, feirantes, artistas de circo. Tudo gente com uma enorme capacidade reivindicativa. CENTO E DEZ não é muito. E o argumento resume-se a um: apesar do confesso sucesso escolar dos alunos em questão, o programa Escola Móvel era, peso por peso, caro.
Não sei o quão caro pode ser uma coisa destinada apenas a cento e dez alunos. Sei sim que a grande governação distingue-se pelos detalhes. E este detalhe, o fecho sem remissão de um programa de escola para os jovens que vivem em itinerância, matou qualquer crédito que, para mim, a ministra Isabel Alçada pudesse ainda ter.
O fecho das escolas com menos de vinte e um alunos, na minha opinião outro crime, podia ter como defesa uma opção pedagógica, ultrapassada, anacrónica, mas possível. Já escrevi aqui que a minha forte suspeita é que a única real razão era poupar.
Os CFC's eram uns maléficos compostos quaisquer que residiam nos sprays ou algo parecido. Agora tenho ideia que estão em vias de extinção Estes outros CFC's - Ciganos, Feirantes e Circenses - são para extinguir ou manter no mundo da ignorância. O projecto alternativo será uma coisa obviamente mais barata, mais pobre, mais em consonância com os destinatários.
Era uma vez uma sociedade solidária e atenta às suas coloridas margens.
Era uma vez um país onde de vez em quando aconteciam coisas de que eu me orgulhava.
Será que Isabel Alçada alguma vez leu Bruce Chatwin?

domingo, 8 de agosto de 2010

1975, 1978...

Hoje calhou almoçar com alguém que não tem a nacionalidade portuguesa. E calhou falar - quase foi um monólogo - sobre esses anos idos que em Portugal já quase a ninguém apetece querer lembrar.
Tudo começou, imaginem, ao me ser comentado que uma amiga comum, quatro anos mais nova que eu, se reconhecia em tudo na bendita série televisiva "Conta-me Como Foi". Refutei um pouco a rir, que o início dos anos setenta em Lisboa não foi bem igual em Ovar, onde eu então vivia. Por outro lado, essa nossa amiga comum fez dez anos em 78, e eu em 74, anos pouco comparáveis sobretudo ao nível político mas não só... para começar eu tinha portanto conhecido a escola primária antes do 25 de Abril , com castigos corporais frequentes, e ela não.
Conversa puxa conversa, acabei a contar o caso do jornal "República", e possivelmente não lhe fiz justiça, com tudo o de poético e sórdido e excessivo e irreal que ele representou, edição princeps de um ano de surrealismo à portuguesa de que só acordámos a 25 de Novembro.
Fui viajando no tempo e acabei no "consulado" Sá Carneiro, esses dois anos apaixonantes e ainda hoje impossíveis de historiar de uma forma neutra. Sim, quem consegue ler sem julgar e portanto tomar partido sobre a história desses primeiros tempos de Cavaco Silva ministro, a governar economicamente o país em contraciclo - com razão, sem razão? Quem consegue hoje retirar algum senso da famigerada "lei Barreto" que começou a destruir a famosa "Reforma Agrária" e tentou criar - pelo que sei sem qualquer sucesso - algum minifúndio em terras retiradas às famosas UCP's, tempos cuja tensão levaram possivelmente a que o nosso eminente sociólogo se desgostasse definitivamente - e já lá vão trinta anos... - da política activa e se dedicasse à fotografia, à escrita, aos colóquios e à têvê, para além de... mais nada!
Anos loucos esses que me permitiram sobreviver a mais um almoço a dois...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E é difícil educar Portugal...

E para ilustrar um bocadinho mais este dilema, vou ilustrar rapidamente cinco minutos da minha manhã de hoje:

1': "Onde é Otorrino? Onde é?" Jovem veraneante com brinco à esquerda e criança no colo. Otorrino era - e é - uma porta que ficava à sua frente dois metros, conforme indicação supra, em maiúsculas, que lhe foram indicadas. "Ah, bom, então é isto..."
3': "Onde fica a retinopatia diabética?" Podia ter respondido que reside no olho de quem infelizmente a tem, mas percebi que perguntavam por um sector da consulta de Oftalmologia. Perguntei à senhora ainda nova se no sítio de onde acabava de sair - consulta geral de Oftalmologia - a tinham informado de alguma coisa. Que sim, que era só subir umas escadas. Escadas que quase nos mordiam, e ali estavam. "E não há outras? De certeza?"
5': "Veja-me por favor estas análises, que lhe parecem?" "É difícil de dizer, minha senhora, falta mais análises..." "Eu sei, o hemograma está incompleto!" "Não, o hemograma está aqui, falta é outras análises que..." "O hemograma está incompleto mas disseram-me que estava bem..." "Não está bem, é isto aqui, mas não sei, falta as outras análises..." "Será um tumor intestinal? Será no estômago?" "Minha senhora é impossível estar a conjecturar sobre..." "Desculpe lá, mas a médica de família já pediu ao meu marido uma data de exames ao intestino e isso à conta destas análises!"
'Da-se!
Concedo que deve ser difícil educar em Portugal. É que partimos tão de baixo...

Pedagogia my ass... Alçada...

Tendo em mente todos os subúrbios degradados de Helsinquia, as minorias ostracizadas na Finlândia, os problemas de integração, os guetos, a violência familiar, a falta de apoio da comunidade, etc., não percebo como a Finlândia tem tão bons resultados na educação!
Pelo contrário, tudo o que atrás se disse não existe em França nem em Portugal, países com uma integração modelo das minorias, sem guetos, sem violência suburbana, etc., etc. Logo porquê, porquê, porquê logo França e Portugal são os países que mais chumbam alunos!
Eu vou falar-vos daquele famoso estudo em que se gritava ao passarinho: "Voa, passarinho!" - e ele voava. Aí cortavam-lhe as asas e repetiam: "Voa, passarinho!" - e ele não voava. Conclusão: "Os pássaros ouvem com as asas!"
Tal qual comparar Finlândia com Portugal. Aliás, a entrevista no Expresso tem uma décalage interessante: no entremezzo 1º põe: "países nórdicos não chumbam/França recordista de chumbos"; a seguir a bomba: "medida ineficaz", com um raciocínio à pássaro; depois o ataque do gavião: "chumbos custam 600 milhões de euros". Eh, eh, eh...
Pedagogia my ass...

Gode ceive de quine.

Eis os poderes da Rainha de Inglaterra, no seu próprio site, e que não me parecem assim tão poucos..
 Afinal silly, but no season...

Stupidorum theymosiis

Não me venham com merdas. A diarreia combate-se, agora, com UL-250 da Merck e…ponto final. Saccharomyces boulardii, dizem.
O tempo do sr. Ultra Levur, já lá vai. Não, não são a mesma coisa. O UL-250 da Merck não tem qualquer vestígio do seu nome anterior. Tirando as iniciais, claro. O efeito será o mesmo, dizem.

Do mesmo modo, e sob a "alçada" de um autêntico supositório de glicerina, a cabulice combate-se, agora, com ESA-0 da Isabel. Stupidorum theymosiis, dizem.
O tempo do Estudo, Sacrifício e Aplicação já lá vai. Não, não são a mesma coisa. O ESA-0 não tem qualquer vestígio do seu nome anterior. Tirando as iniciais, claro. O efeito, bem…

Ah Isabel, Isabel! Andas de diarreia, filha.
Com ideias destas, precisas urgentemente de UL-250. Mas, tem cuidado. Vai já ao médico, porque, daqui por uns tempos, poderás ser atendida por um daqueles doutores (e serão aos milhares) que se vêem à rasca para tirar positiva.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O SNS - 1º capítulo.

Bom, devo ser hoje por hoje das poucas pessoas onde os sms's são ultrapassados em importância por outra sigla, embora afim: o sns. Nele trabalho, e em exclusividade.
O SNS. Que é tendencialmente gratuito. E que tem um problema: é muito caro. Serei eu parte do problema. Os anos que se seguem dir-me-ão do desfecho.
A minha filha anda numa escola secundária pública. Não paga nada ela - eu por ela- por lá andar, terminou o 6º, vai para o 7º ano. Paga os livros, uma que outra actividade extra. Se pagasse, eu falaria em dupla tributação, afinal, pago os meus impostos e que são bastantes. Quando a minha filha vai à sua médica de família, ali na USF da Senhora da Hora, não paga nada porque é criança. Se fosse adulta, por consulta pagaria uma taxa moderadora discreta. Se pagasse mais voltaríamos a falar da dupla tributação, afinal os impostos, etc. Então, onde está o busílis da questão, ou eu estou ou ando enganadinho?
Pretende-se onerar a saúde pública - o SNS - porque se proclama como injusto que "os ricos não paguem nada". Ora acontece que os ricos com frequência não pagam nada porque habitualmente não vão lá. Só nos casos mais graves, para os quais com frequência "a privada" não está preparada, ou não arrisca, ou faz que seja tão caro tão caro que só mesmo os hiper-ricos. Assim sendo, constipações e endoscopias na Clipóvoa, coronárias no Hospital de Gaia. Tem lógica...

domingo, 1 de agosto de 2010

Novas regras, velhos vícios.

O Rendimento Social de Inserção, o Subsídio de Desemprego e outras prestações sociais vão ser objecto a partir de agora de maior escrutínio para melhor se saber se realmente quem os aufere efectivamente deles necessita e os merece. Ah, bom, e com isto bem que poupamos umas dezenas de milhões de euros...
Hum... dezenas de milhões de euros... em prestações que são umas poucas centenas de ao mês, poucos milhares de euros-ano. Para tanta poupança dezenas de milhares de portugueses vai deixar de receber. Está certo, pois estava bem de ver que não era merecido. Mas ora bem, ora bem, estamos em crise não é, e coisa e tal e tal e coisa... e se redistribuíssemos? E se em vez de poupar, re-dis-tri-bu-í-sse-mos? Fazendo as contas, porque a malta dos ministérios é boa nisso, e mantendo o controlezinho assim apertadinho, abre-se um pouco as comportas do acesso às prebendas, cinquenta euros no RSI, por ex., ou no Subsídio de Desemprego, ou altera-se um pouco os limiares de acesso, a duração da cobertura, sei lá, vocês é que são os técnicos, certo? E não poupávamos à custa dos mais necessitados...

E não havia esta merda de sensação de uma vez mais uma caca dum governo de esquerda só se preocupar em poupar à custa dos pobres e desamparados, entendido?