sábado, 14 de agosto de 2010

O fim da Escola Móvel.

Isabel Alçada manchou definitivamente o seu consulado ao extinguir o projecto Escola Móvel. Deste beneficiavam 110 crianças filhas de pessoas que ou por exigências do seu trabalho ou - e porque não? - por opção viviam a viajar pelo país fora. Ciganos, feirantes, artistas de circo. Tudo gente com uma enorme capacidade reivindicativa. CENTO E DEZ não é muito. E o argumento resume-se a um: apesar do confesso sucesso escolar dos alunos em questão, o programa Escola Móvel era, peso por peso, caro.
Não sei o quão caro pode ser uma coisa destinada apenas a cento e dez alunos. Sei sim que a grande governação distingue-se pelos detalhes. E este detalhe, o fecho sem remissão de um programa de escola para os jovens que vivem em itinerância, matou qualquer crédito que, para mim, a ministra Isabel Alçada pudesse ainda ter.
O fecho das escolas com menos de vinte e um alunos, na minha opinião outro crime, podia ter como defesa uma opção pedagógica, ultrapassada, anacrónica, mas possível. Já escrevi aqui que a minha forte suspeita é que a única real razão era poupar.
Os CFC's eram uns maléficos compostos quaisquer que residiam nos sprays ou algo parecido. Agora tenho ideia que estão em vias de extinção Estes outros CFC's - Ciganos, Feirantes e Circenses - são para extinguir ou manter no mundo da ignorância. O projecto alternativo será uma coisa obviamente mais barata, mais pobre, mais em consonância com os destinatários.
Era uma vez uma sociedade solidária e atenta às suas coloridas margens.
Era uma vez um país onde de vez em quando aconteciam coisas de que eu me orgulhava.
Será que Isabel Alçada alguma vez leu Bruce Chatwin?

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