era uma vez um banco que ficou com as pernas podres.
e esse banco, quando estava quase, quase, quase a cair
pediu, implorou, reimplorou que o ajudassem.
ora, havia, por ali, um marceneiro, quase, quase, quase louco
que disse que sim
e ofereceu-lhe toda a madeira necessária
para que o banco não caísse.
depois, o marceneiro montou o seu cavalo
e foi, foi reino fora ao encontro do povo e recolheu impostos, taxas, coimas
e outras ganâncias manchadas que ficaram para durar.
o banco, mais forte e mais sólido
assistiu impassível a todas as inquietudes difíceis do povo
e disse que não aos pedidos e às perguntas dos dias difíceis.
agora, mesmo que o marceneiro, quase, quase, quase louco, monte o seu cavalo
e vá, reino adentro ao encontro das múmias e dos fantasmas
não vai, nunca, conseguir chegar onde quer que seja.
o povo há muito que já não mora aqui
e o banco é, hoje, um cão negro, manco e pulguento
cheio de sarna e de raivas caríssimas
a precisar urgentemente de um bom veterinário
ou, quem sabe, de um canil sem mordomias.
Jornal “Maia Hoje”, 08.04.2011
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