segunda-feira, 11 de abril de 2011

uma historia da carochinha

era uma vez um banco que ficou com as pernas podres.

e esse banco, quando estava quase, quase, quase a cair

pediu, implorou, reimplorou que o ajudassem.

ora, havia, por ali, um marceneiro, quase, quase, quase louco

que disse que sim

e ofereceu-lhe toda a madeira necessária

para que o banco não caísse.

depois, o marceneiro montou o seu cavalo

e foi, foi reino fora ao encontro do povo e recolheu impostos, taxas, coimas

e outras ganâncias manchadas que ficaram para durar.

o banco, mais forte e mais sólido

assistiu impassível a todas as inquietudes difíceis do povo

e disse que não aos pedidos e às perguntas dos dias difíceis.

agora, mesmo que o marceneiro, quase, quase, quase louco, monte o seu cavalo

e vá, reino adentro ao encontro das múmias e dos fantasmas

não vai, nunca, conseguir chegar onde quer que seja.

o povo há muito que já não mora aqui

e o banco é, hoje, um cão negro, manco e pulguento

cheio de sarna e de raivas caríssimas

a precisar urgentemente de um bom veterinário

ou, quem sabe, de um canil sem mordomias.


Jornal “Maia Hoje”, 08.04.2011

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