Ontem, em artigo de opinião publicado no "Expresso", Rui Ramos escrevia o seguinte a propósito da greve dos médicos: "Para perceber a revolta, é preciso começar por perceber a razão pela qual estas congregações profissionais estão entre as mais bem pagas e protegidas. Quando os profissionais da saúde protestam por agências privadas de recrutamento lhes oferecerem tanto como a uma empregada doméstica, revelam tudo: só recebem na medida em que o Estado lhes paga ou manda pagar mais. Ou seja, não há empregadores e clientes dispostos a pagar-lhes o mesmo que lhes pagam os contribuintes.
Na nossa sociedade, o Estado é a única via através da qual certas classes profissionais - e repare-se que falo de classes, não de indivíduos - conseguem arrancar à sociedade o prestígio e o rendimento a que aspiram. Provavelmente, se o serviço doméstico fosse um serviço público, também os seus profissionais seriam recompensados muito acima das tabelas atuais. Dizem alguns: sem o Estado, não haveria determinados serviços. Não: o que não haveria era determinadas corporações com as vantagens de que hoje disfrutam."
Não está no meu poder conseguir comentar adequadamente este texto, de tão odioso. Noto que uma ressalva foi feita - suponho que ao médico assistente e à família Lobo Antunes.
Rui Ramos é hoje o historiador oficial do regime. Se não vamos conseguir mudar o regime mude-se ao menos o historiador.
Aquilo que o "historiador" diz é tão irrelevante como a cor das sapatilhas de Aldegundes Ferreira, a famosa lançadora de martelo do Mértola Sport Club.
ResponderEliminarQuanto ao regime... havemos de conseguir mudá-lo.
Para quê maltratar Mértola? É uma terra simpática... :)
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