quinta-feira, 26 de novembro de 2009

À confiança

Houve tempos, estou lembrado, em que a expressão "à confiança" era sinónimo de comércio mas também de comércio de boa casa, lugar onde se fosse cliente habitual e que, questionado sobre a qualidade, frescura, possibilidade de sucesso, culinário ou outro, de determinado item de montra, respondia: "Pode levar, à confiança!" À confiança...
Hoje à palavra "confiança" acrescentou-se a adjectivação "política", donde "confiança política". No país aqui do lado, o dos "nuestro hermanos", chama-se "tia política" à esposa do tio, irmão de pai ou mãe. É portanto uma tia que não é de sangue, não é bem a sério, lá teve que ser, o tio deu-lhe para casar com a tipa, meu deus, que fazer, a tomar tanta medicação, ainda por cima.
Derivando fronteira, isto da "confiança política" não podia ser coisa boa. E não é.
Engraçado que quando me falam de lugares de "confiança política" penso logo em lugares de estacionamento. A sério! Lugares onde estacionam pessoas que tu tens "confiança" que são da tua "política",  é isso! Existe um rumo, uma linha, um pêndulo de Foucault que superiormente nos rege. Daí depois a necessidade da "confiança" e que esta mesma seja... "política"... Há que ter a certeza que o desvio a ser não seja da "política" aviada como a correcta pelo andar de cima...
Mas também, vejamos, a palavra "con-fiança" não antevê já muitas destas situações de fixação de valores de certa forma elevados para que, após um equívoco ou outro, um destes "confiados" equivocadamente preso possa volta à liberdade, nem que seja com pulseira electrónica? Os gajos estacionam mas já têm um valor apenso, como etiqueta na Cortefiel, duas etiquetas aliás, uma "o preço é x", outra "a fiança será...". Bem...

Ora define lá tu então o que é uma "fiança política"?

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