terça-feira, 13 de setembro de 2011

VOILÁ


Este ano a rentrée não tem a mesma definição dos anos anteriores. Perdeu-se a espectacularidade de outros tempos em que os líderes políticos (prós e contras) semeavam promessas de milagres pelos quatro cantos desse país mal pousavam a toalha e o guarda-sol.

Este ano a coisa esteve diferente porque o povo ficou com a sensação de que toda essa gente nem teve férias nem deu férias aos outros que aturam os seus desígnios.

Assim:

1.       Partidos do governo

Ninguém saiu do seu lugar, nem mesmo para aquela mijinha do costume que tem lugar após a votação de um projecto, da justificação de um cambalacho ou da redacção de um novo imposto.
Nas entrelinhas leu-se um Passos Coelho muito calado, um Vítor Gaspar fazendo teses atrás de teses sobre como acabar (com classe) com a classe média, Cristas cada vez mais baralhada com o baralho dos ministérios, Álvaro Pereira superstar e Nuno Crato preparado para ser chamado ao quadro sem se esticar.
Portas não se abriu muito e, à custa disso, também não houve correntes de ar.


2.       Partidos da oposição
Estiveram entretidos a contrariar tudo o que saiu do laranjal, mesmo quando as laranjas foram limões como o do iva.
Tirando o PS a quem, para já, ninguém quer dar ouvidos, os outros tem sido mais do mesmo e sobrevivem agarrando-se uns aos outros sem se agarrar, isto é, criticam, criticam e quando estão de acordo, buscam diferenças entre eles.
Este tique antigo enfraquece-os, ano após ano, sem que não haja rentrée que os safe.

Este ano a rentrée é apenas um voilá, como diria Jacques de la Palice.



Nelson Ferraz in “Gondomar Económico”, Setembro de 2011

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