sexta-feira, 23 de setembro de 2011

o caruncho



e eis que o caruncho emerge
da tábua
escarafunchada
pelo vento agreste
deste barraco lusitano.

mais um
depois de tantos
bichos
a esburacar
este interior a  cair de podre
como caca de quintal
ao abandono.

de buraco em buraco
esta praga portuguesa
de trafulhas
escorre em pesadelo
irremediável
alheia à vergonha que não temos.

por isso
avisem os fungos:

estamos disponíveis
para naufragar.


nelson ferraz in “Maia Hoje”, 23.09.2011

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