segunda-feira, 6 de junho de 2011

O ano do PPC? O ano do PPC.

Sócrates não foi o pior primeiro-ministro que Portugal teve depois do Vinte e cinco de Abril. Descontando, hum.... Vasco Gonçalves, vários governos houve, nomeadamente o de Durão Barroso, o de Santana, os últimos de Cavaco e de Guterres, que também foram  maus. E, na verdade, medindo bem o tempo que Cavaco Silva esteve no poder, pode-se dizer que o Portugal de hoje foi modelado, mais do que ninguém, por Aníbal Cavaco Silva, e isto não é um elogio.

O que não pode ser dito é que, Vasco Gonçalves ou Santana Lopes incluidos, alguma vez se tenha dado por assumido que Portugal estivesse a ser governado por uma tão má pessoa, no sentido de má de carácter. Não, não acredito que Sócrates tenha sido corrupto, no sentido de ELE corrupto. Uma forma de governar e controlar é permitir a corrupção nos próximos e semi-próximos e depois manipular os seus interesses e apetites para nosso benefício e perpetuação. Uma parte importante do défice português, financeiro digo, está aqui, neste parasitismo linearmente alimentar do Estado Português por todos estes próximos de, o Estado Português que, em tempos que já lá vão, era conhecido como "todos nós". Julgo que um bom saneamento deste mundo de carraças e pulguedo que tem infestado o nosso pobre rafeiro Portugal, só poderá fazer-lhe bem, ganhar novas cores.
Agora vou falar de outro défice, e toda a vigilância será pouca para se obter a sua recuperação, o défice democrático em que Sócrates nos enterrou bem fundo. Hoje a democracia é apenas algo que acontece de quatro em quatro anos, e nem por isso. Nunca o respeitinho voltou a ser tão bonito, e a sociedade ferve de novas e profundas assimetrias, cravadas como bandarilhas no touro pelos novos senhores do país. Nunca o mérito voltou a contar tão pouco e um certo cartão tanto. A expressão "confiança política" tem sido utilizada ad nauseam para explicar o discricionarismo mais atroz. A "confiança" devia e só nascer da competência. "Eu confio que ele vai fazer um bom trabalho". O fazer bem devia ser o único objectivo, para baixo e para cima. Mas o mais importante nestas repartições e gabinetes é que haja "uma equipa", que todos puxem o barco "para o mesmo lado", ou traduzindo, que a "master's voice" seja cada vez mais e só a única a ouvir-se, os demais meros espelhismo, ecos, caixas de ressonância. Nunca em trinta e sete anos pensar foi tão passível de voltar a ser delito.
 Há uma diferença de grau entre alguns tempos dos quais me lembro, por ex. um Cavaco menos... democrático - porque pouco escolarizado efectivamente nos trâmites da democracia... - e este Sócrates definitivamente ademocrático - porque escolarizado visceralmente nos trâmites do jogo político mais sujo e detestável, sem qualquer resíduo de grandeza ou de um desígnio qualquer superior. Lembrar que a ideia era progredir na Res-Publica é ridículo, é triste, e uma desgraça. Infelizmente colectiva.
Bom, tudo isto terá acabado, não?

A ver vamos.

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