a dignidade é um círculo um circo uma esfera um esquadro
plastificado de vespas esverdeadas nomeadas por decreto zincado
como as escalfetas improváveis e invisíveis de kafka.
o vento assobia por entre os dentes de cartolina que os cactos de aljubarrota
agrafaram a todas as páginas destes imensos catecismos de volúpia irresponsável e mecânica.
é urgente que se abram todas as portas destas ruas sem números
sem gente e sem cães
e permitir que todas as colchas exibam os seus corpos adamascados
frente a esta solidão multiforme de humanos automáticos
cheios de marcas electrónicas
na cabeça esburacada pelos medos anónimos.
talvez os grilos talvez
venham a ditar a duração exacta
desta melancolia sem significado
talvez
mas pessoalmente
acho que serão incapazes
de reconquistar para nós
aquela tranquilidade sossegada
de folhear o café chávena a chávena
como estávamos habituados.
sendo assim
tudo fica adiado.
"Gondomar Económico", Junho de 2011
História pública
Há 5 horas
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