depois de cem anos, o que fica para comemorar? uma modernidade política? uma ideia estrondosa de serviço público? uma reforma civil? um discurso da memória simbólica? uma escola de cidadãos?
ou a evolução histórica da nossa identidade, tornada democracia?
depois de cem anos, que cultura, que História e que conquistas ficaram inscritas neste pedaço fundamental de país que não se encontra em nós, quando o olhamos?
depois de cem anos, quantos séculos se intrometeram entre o voluntarismo revolucionário do povo e a intransparência acomodada da nobreza?
depois de cem anos, que reformas sociais, que estabilidades e que justiças ficam para comemorar?
há cem anos, os republicanos decidiram que o reino carecia de mudança e hoje o que fica para comemorar circunscreve-se a um punhado de eleitos que, em alturas como esta, se aplaudem mutuamente, entre uma taça de champanhe e uma fatia de bolo-rei.
hoje, um simples orçamento, inventa torneios pouco saudáveis e toda a gente que ser rei da república.
os arautos noticiam guerrinhas de instante em instante e, de vez em quando, Passos Coelho grita: “ o Sócrates vai nu!”.
e tu, Passos Coelho, não seria melhor vestires qualquer coisa?
Nelson Ferraz in “Maia Hoje”, 08.10.2010
Caríssimo:
ResponderEliminarNão podia estar mais certo. Sobre a República linko este belo texto do JPP - ou melhor, deixo aqui o url porque melhor não sei fazer: http://abrupto.blogspot.com/2010/10/o-discurso-republicano-dito-na.html
Outra coisa: não confundir a nudez de JS com a de PPC. A nudez de Sócrates é simplesmente obscena, e é infelizmente a imagem em espelho deste nosso recente Portugal, visto num daqueles espelhos de aumentar...