segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cavaco Silva: Portugal e o seu (dele) futuro.

O que mais me arrepia em Cavaco Silva é poder um dia sofrer o duro castigo de transitar por uma Rua ou Avenida com o seu nome. Sendo o Marechal Saldanha um energúmeno, foi ao menos um homem de armas. E Sidónio Pais fez sonhar muitas senhoras, solteiras ou casadas ou viúvas, e levou um tiro no momento certo. Agora Cavaco Silva...

Uma semana após o despautério das pensões "que não chegam para as despesas" foi ontem 1ª página do Público uma espécie de conspiração para demitir Vitor Gaspar - o  que seria o mesmo que demitir o governo dada a actual preponderância efectiva deste ministro - e substitui-lo por um ministro - um governo? - do agrado Presidencial! Marcelo Rebelo de Sousa chamou ao comentário "pensionista" um "penalty para a bancada"! Isto é quase como mudar a baliza de sítio e esperar que os comissários da UEFA não estejam a ver!

Hum... não tenho tido oportunidade de usar os meus cupões de "vale um euro na compra de uma embalagem de esparregado Iglo". Vou mandá-los para Belém!

O que é, o que representa o Presidente da República? De alguma forma "o melhor" de nós. Pensando assim, estamos muito mal representados, embora verdade seja dita que, desde o Manuel Teixeira-Gomes que...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Da escola pública e outras merdas.

A minha filha vai para uma escola privada. Está no 8º ano, ano difícil, não tem amigas, tem uns filhos da puta disfarçados de jovens adolescentes que lhe andam a foder o dia-a-dia. A minha filha vai para o privado.
Ora bem...
Uma escola, privada, pública ou norte-coreana, é um ecossistema de difícil equação. Ao contrário do que se pensa, a coisa não é apenas alunos contra professores e está dito. É alunos contra alunos contra alunas contra alunas a favor de alunos a favor de alunas que por sua vez estão contra professores que estão contra professores que estão contra professores e não esqueçamos os funcionários que contra estão o existirem pais que estão contra todos e também entre eles contra estão, etc.
No caso da minha filha o coisa resumia-se a 75% de indiferença, 25% de aborrecimento e 10% de animosidade. Quem vamos chatear? Aquela miúda! E vai de insultar, atirar-lhe coisas, roubar-lhe material, picar com a caneta, insultar outra vez...
É difícil fugir ao tema e eu não vou fugir: na escola pública de hoje falta autoridade. É importante que o aluno saiba que se prevarica será castigado. Que a sua liberdade acaba onde começa a do outro. Que os seus actos podem ter e terão consequências sobre o próprio. Isto, claro, também se aplica ao professor: no que diz respeito a avaliação, atitude proactiva, boa prática pedagógica. Mas a verdade é que o pivô é o aluno. O aluno é quem está ali a aprender. Aluno mais do que ninguém, precisa de regras. Eu sei que a escola não será para educar. Mas deve ser um espaço onde a má educação não deve ser tolerada. A equação escolar pública hoje tem um desequilíbrio, e o tabuleiro do xadrez acima enunciado está desequilibrado em desfavor do bom professor, do bom aluno, e, sobretudo, do mais frágil. A escola não é um roseiral. Mas não deve ser a tropa. Aliás, por alguma razão o serviço militar obrigatório foi extinto. A formação do carácter parece que é para acontecer noutros terrenos. A minha filha negou-se a voltar a uma escola pública porque, disse, "é preciso disciplina!".

Acima coloquei uma percentagem de 75% no item "indiferença" para explicar o que aconteceu com a Cata. Falo de qual indiferença? A matéria dada nas escolas é ainda pretty much a mesma do meu tempo. Calha que, hoje, a inundação informativas dos jovenms é muito diferente do que era no meu tempo. O meu 8º ano foi em 1978/9. Televisão dois canais. Livros comprados com dinheiro contado. Em minha casa não havia jornal diário, aliás por uma estranha idiosincrasia nem telefone havia! A internet estava por inventar. Frequentava-se compulsivamente uma biblioteca municipal! E ouvia muita rádio, ó se ouvia! Se em 1978 já era difícil perceber o para quê dos polinómios, das funções e do completo domínio fonémico-semântico-gramatical da língua, então hoje... E o grosso dos pais não ajudarão nisto, demitidos por uma má vida e o só terem quatro a oito-nove anos de escolaridade mal-atamancada! Aqui o desafio: a escola hoje só pode ser mais do que transmitir a mesma merda de há 25 anos mas em powerpoint! Não é. Daí que grande parte dos alunos linearmente não percebem o que andam para ali a aprender e para quê. A escola é objectivamente um castigo, uma prisão. Só que em suave, pois não há a tal disciplina. Está o caldinho feito, claro que só toma quem quer. A minha filha não quer. E é minha função estar de acordo.

Então viramos para o cheque-escola? Por mim sim, porque a partir do mês que vem as minhas despesas com a escolarização da Cata vão duplicar... :) e, agora a sério, por mim sim, porque as minhas despesas com a escolarização da Cata... vão duplicar! Não sei se o cheque-escola é a solução mas sei que a escola é hoje mais assimétrica do que no meu tempo. Culpados... Gente que fez a escola pública há 25 anos comigo - e hoje são médicos ou toxicodependentes ou políticos de merda... - hoje estaria na privada ab initio.

Agora - também - a sério: como não pode haver a Medicina mais-ou-menos, para quando a Escola não-mais-ou-menos? Disciplina e Inteligência, precisam-se! Os computadores nem por isso, tá? A inovação está no gesto, na atitude, na expressão. Eu sei que Lisboa não ajuda, mas... E, já agora, e para terminar, professores da escola pública, parem de me recomendar a colocação da minha filha numa escola privada: já pus!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Possível


Os portugueses são pessoas reconhecidas.
Um dia vão perceber a que tipo de pessoas estiveram entregues durante anos a fio e depois… bem, e depois talvez não aconteça nada.

Esta hora de recreio vai longa e está cheia de símios mascarados de doutores.
Em nenhum instante se consegue perceber o alcance destas ferozes maleitas económicas e a quem aproveitarão as navegações parvas dos peritos financeiros.

Mas os portugueses são pessoas reconhecidas.
Um dia vão querer que esta situação efervescente seja gravada em todos os compêndios académicos e será, então, a altura da literatura tentar explicar o que quer dizer “era uma vez…”, a matemática demonstrar que “era uma vez…” é coisa que não foi e a história ficar calada em vez de inverter a futilidade romântica das muitas vezes.

Este intervalo entre mundos, que nos tem cercado de mediocridade austera, está a ter uma longa duração e a penalizar, de forma brutal, todas as nossas crenças e projectos.
Estamos a desistir de acreditar nas mais básicas formas de valores morais.

Os portugueses são pessoas reconhecidas.
Um dia vão adorar rir-se de nós e perguntar:
- como foi possível?

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Já que fomos à Galiza...

A Galiza não podia estar hoje melhor. Em avisada jogada de antecipação adquiriu um governo PP um ano antes de o mesmo acontecer à terra-mãe, a mui extensa e nobre Espanha. Só se podia esperar um entendimento superior entre Rajoy e Feijoo.
Façamos um pouco de marcha-atrás: pela crise do Prestige deu a cara então um galego meio zarolho que dava pelo nome de Mariano Rajoy. O rapaz Aznar do bigode mal apareceu. Como sequela do evento solidário criou-se uma noção difusa que havia uma "dívida" com a Galiza que finalmente o governo central espanhol iria pagar... Pepe Blanco, socialista dos quatro costados e galeguista apenas de um ou dois, pagou parte. Rajoy agora agora não quer pagar mais nada. Invocando as circunstâncias extraordinárias e não dando a cara, que já foi tempo. Agora vem Ana Pastor. De pastores e pastoras a Galiza percebe bastante, mas a "vaquiña por o que vale", ou seja: a Galiza vai ficar com um AVE/TGV que liga A Coruña, Santiago, Ourense e Vigo em "V", mas falhando a ligação ao hinterland e à Europa, que era o que interessava. Ana Pastor diz que primeiro "é preciso pagar"! Mas, não é sempre assim que o Estado faz? Pagando depois o que já fez? Antes de Rajoy só Francisco Franco subiu mais alto no que a galegos governando Espanha diz respeito. Tenho dito.
E Feijoo diz que o controlo pelo governo central das finanças autonómicas vai favorecer a Galiza. O ser bem comportado, meu caro não-amigo, deu-vos um AVE de brincar. Mas eu sei qual é o teu jogo, não te importas de ceder a direcção da Escola, desde que te deixem o controlo do campo de jogos...

A Galiza afinal ainda é isto: o Deportivo e o Celta lutam - literalmente um contra o outro - para voltar à Primeira. Enquanto isto as duas Caixas, a de Galicia e a Caixa Nova ex-de Vigo, uniram-se para ao menos falirem juntas.
O barco tinha por nome "Prestige" mas não deixou de ser uma grande merda, e que para nada serviu.