…
“Na confusão, Montag apenas teve um segundo para ler
uma linha, mas essa linha brilhou no seu espírito durante todo o minuto
seguinte, como marcada a ferro em brasa: «O tempo adormeceu sob o sol da
tarde».
…
– Montag, chega aqui.
Os dedos de Montag fecharam-se como lábios; apertou o
livro com um fervor selvagem, com uma súbita demência, contra o peito. Os
homens, lá em cima, lançavam braçadas de revistas no ar poeirento. Elas
tombavam como aves massacradas e a mulher, em baixo, conservava-se imóvel, como
uma criança, no meio de cadáveres.”
…
Bradbury, Ray in Fahrenheit
451, (publicado em 1953)
Deste autor, apenas li este livro. Fi-lo umas três ou
quatro vezes.
Encontrei, sempre, algo de novo e de velho, de certo e de
errado nessas páginas cheias de metáforas e ficções(?), desconcertantes, sobre
a condição humana.
Paralelamente ao Admirável
Mundo Novo de Aldous Huxley - onde uma sociedade do tipo totalitário,
tecnicista, mecânico e desprovida de alma se alimenta dos seus padronizados e
minúsculos horizontes – em Fahrenheit 451
promove-se uma destruição opressiva e apocalíptica da cultura e da liberdade do
ser humano e da sua própria história.
Estes dois livros servem-nos o medo de uma forma
extraordinária e preocupante.
Os livros, todos os livros deveriam ser queimados.
“Fahrenheit 451 – a temperatura a que um livro se inflama
e consome…”
Bradbury morreu. Viva Montag.
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