há um exército de gente confusa e nossa entre os dedos deste tempo sem alma e sem coração
há uma gente de um exército nosso incapaz de inventar uns míseros postigos por onde o sol entre devagarinho sem facturas ou impostos.
há um exército silencioso de gente nossa que não tem emprego nem dinheiro nem força para desaguar a raiva na estrutura débil destes senhores que dia após dia vomitam amarguras gratuitas.
há um exército de gente desiludida e nossa e pobre e triste e sem a mínima hipótese de abrir uma pequena porta por onde a luz de um sorriso genuíno e livre se esgueire ao encontro combativo dos novos medos e das novas revoltas plantadas com a maldade fria dos tiranos.
há um exército de gente falida e nossa derrotada e doente à mercê das tribos de maquiavel
e dos elefantes de aníbal.
pois é.
este quartel já não promete alvoradas e o recolher vergonhoso da honra desobriga-nos da obediência antiga com que cosíamos a liberdade.
há um exército de coitados e de gente simples e nossa que morre em cada instante que descobre mais um vestígio de sacanice na cabeça e nos olhos e na alma de quem diz que tudo o que de mal existe é para o nosso bem.
In “Maia Hoje”, 09.03.2012
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