domingo, 19 de fevereiro de 2012

Baltasar Garzón

O juiz Baltasar Garzón deve ser das pessoas mais perigosas de Espanha. Não percebo como não está preso. O máximo que conseguem é impedi-lo de trabalhar, ou parecido, e isto porque com certeza é um tipo muito influente. E, no entanto, foi ele que perseguiu Pinochet por cima da anestesia internacional, foi ele que lembrou que na Guerra Civil espanhola muitos morreram dos dois lados mas que o regime derrubado era legal e depois da guerra matou-se ainda muito maise só num lado, por isso o verbo "pasear" não é um verbo alegre do outro lado da fronteira, foi ele que pôs em sentido a violenta trama de corrupção que os tempos de Aznar e os seus sequazes autonómicos tinham montada a asfixiar Espanha - e que, infelizmente, no essencial segue.

Ele há pessoas assim, exemplos na vida real de Dr.Jekyll e Mr. Hyde, felizmente os juízes espanhóis outros, os menos mediáticos, os que trabalham na sombra, descobriram tudo, mesmo tudo - e também teriam tratado do Pinochet e do Franquismo e do PP não fosse ser Baltasar Garzón lesto e sedento de protagonismo, não fosse estes juízes estarem sempre ocupados com outro tipo de justiça mais cinzenta, opaca, aborrecida...

Baltasar Garzón não será completamente inocente. Mas... comparado com don José María Aznar...

A queda de Baltasar Garzón mostra que a doença espanhola sempre terá tintes de maior dramatismo que a portuguesa. A queda de Baltasar Garzón foi ouvida em New York, em Tóquio, em Santiago de Chile. Estranho a unanimidade dos sete juízes. Estranho mais ainda o silêncio ensurdecedor do PSOE.

Este continua a ser o ano de todas as tristezas. Precisávamos de um Baltasar Garzón a reescrever a história e o presente de forma a que ele e ela se aproximassem mais da verdade e do que é correcto. Afinal, apenas ganhámos um mártir.

Sem comentários:

Enviar um comentário