quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O novo ano lectivo, coisa e tal...

"A escola que não muda está por definição a piorar." (entrevista ao Público a 14/09).
A nossa ministra da Educação não me parece nada burra. Escreve aqueles livros para crianças onde estas têm um arremedo de "Aventura" (só "Uma" de cada vez...), não diz enormidades como a actual presidente da FLAD e sua antecessora, as caras que faz para a fotografia infundem respeito e alguma apreensão até, para todos nós que já fomos alunos e ao ver uma professora assim com cara séria pensamos "eh, lá..."...
Mas a citação acima só pode ser uma piada e, que eu saiba, Isabel Alçada não trabalha para as Produções Fictícias". Oxalá assim fosse e os seus colegas de trabalho já estariam a apontar-lhe o dedo e a rebolar de riso.
É que a escola portuguesa não tem feito outra coisa nos últimos anos do que mudar. E não há meio de melhorar...
"Há professores nas comissões de protecção de menores." (a propósito de "As escolas devem aproveitar melgor as parcerias.").
Estou a ver: depois da discussão de três casos de crianças abandonadas, quatro violadas em série, e duas encontradas a pedir nos semáforos vai o professor e saca uns papéis da pasta e diz aos colegas da comissão: "ó pá, só para terminar, queria falar-vos aqui do Zé Luis, ele não é meu aluno, é da Luísa, não sei se a conhecem, o gajo já é a segunda vez que lhe atira com o apagador, enfim, e aquilo na sala de aula é um cheiro a chocolate que nem vos conto..."
Dizer que as escolas têm muitas condições implica a utilização do condicional dos verbos, o que não é das coisas mais saudáveis como sabemos. E se, e se, e se aumenta exponencialmente o uso de gastroprotectores. Ser professor não é pera doce.
Também há aqui outra coisa que me faz alguma confusão e que tem a ver com esta coisa do diálogo ser sempre com esta Lisboa que nos governa. Muitas das competências no que diz respeito às escolas pertencem hoje às autarquias. Porque não deixar coexistir diferentes modelos de organização educativa em diferentes concelhos deste nosso plantado país à beira-mar? Desde que a política de transferências financeiras esteja bem definida para que a pedinchice não expluda, porque não os pais poderem escolher entre a Maia e Matosinhos, por ex., para ter os seus filhos na escola, porque por ex., o concelho da Maia lhes parece que tem a coisa melhor organizada, a funcionar melhor, etc. E depois tirar as ilações e aprender! Na, as boas decisões serão sempre vindas de Lisboa, como aliás têm sido! Lisboa decide, depois as autarquias amanham-se como podem... Eu sei a opinião que temos sobre a inteligência dos nossos sub-autarcas mas, e sobre a inteligência da malta do ministério? A malta das autarquias ao menos costuma almoçar nos mesmos sítios que nós costumamos, podemos sempre entornar-lhes um prato de esparguete por cima como protesto!
"Não são 30 quilómetros, são 15 para cá e 15 para lá."
Entre Ovar e o Furadouro são 5 quilómetros e em linha recta. As carreiras da Feirense e as do Inácio despacham aquilo em... quê, um quarto de hora, vinte minutos, com as paragens... Se fosse 15 quilómetros, bom, e com curvas e subidas e descidas, bem... quando falamos de distâncias devemos falar de tempos que demoram as tais distâncias na prática a ser percorridas, quando é que a criança tem que se levantar ou deitar, que tempo lhe sobra para estudar, em casa ou num ATL, ou também para brincar, essa coisa fundamental quando se é criança, certo?
Em Lisboa há esta mania de ter os gabinetes todos virados para o Tejo, para sul, e tudo se vê mais claro do que nos outros sítios, já o pensava o Afonso Henriques.
Mas hoje aí em Lisboa também está nublado, não? Na maior parte do vosso país, caros amigos, ESTÁ!

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