sábado, 23 de abril de 2011
Ai quanto me tarda / A minha reforma na Guarda...
Vamos aos factos: os portugueses duram hoje mais dez a quinze anos do que antes, em média, sendo antes o "há trinta anos", praí... Por outro lado, a lógica de uma pessoa, que pessoa é antes, durante e depois de ser trabalhador, ir reformado, não é a de que já não dá para trabalhar mais, é a de que já trabalhou muito! O tempo de reforma não foi criado como antecâmara da morte mas sim como tempo de conforto e que, felizmente, hoje, a ciência médica conseguiu prolongar bastante, em quantidade e, às vezes, em qualidade. Finalmente, não é de hoje a primeira crise de desemprego em Portugal, a primeira ocorreu há aprox. uns vinte-vinte e cinco anos e em parte resolveu-se antecipando a reforma de muita gente na função pública e nas grandes empresas, criando-se leis a enquadrar esta política que, a partir daí levaram à criação de um núcleo de "reformados dourados" - de que todos nós invejadamente conhecemos um ou dois exemplares que ainda duram e duram, e até têm o defeito de serem boa gente... Por último dos últimos, a imoralidade absoluta das reforma dos deputados da Nação foi a machadada final no bom nome dum momento, a reforma, que devia ser o corolário de um trajecto de gente, pessoas, homens e mulheres, que não só trabalham como vivem, contiinuam e perseguem um trajecto e um caminho.
Postas assim as coisas, não aceito que me digam que é imoral a minha reforma segundo a lei actual, porque eu ainda teria uns quantos anos de vida laboral produtiva a dar ao país. Se calhar sim, mas não me apetece. Quero ter a possibilidade soberana de decidir, quando lá chegar, se continuo a trabalhar ou não.
Outra coisa é dizerem-me que não há dinheiro... embora chegados a este nível de argumentação, porque não desviarem para a minha pessoa 2,5% da reforma média dos executivos da CGD, topo de gama, mesmo escalão etário? Sim, porque quem diz que eu não sou também um "topo de gama"? Começo por ter o apelido! E o Vara escreve um blog melhor do que o meu?
Os objectivos...
Mensagem a reter: o bom Médico de Família não fala com os seus doentes. Pudera...
sexta-feira, 22 de abril de 2011
depois veio abril
naquele tempo
o chão era de tábuas
e as palavras agonizavam nas janelas fechadas
dos silêncios obrigatórios.
as ruas
moravam entre cercas invisíveis
e electrificadas de medos metálicos e angulares
e a escola
tinha poliedros sentados nas carteiras
cochichando fórmulas e perspectivas
de aventura.
não.
não havia ainda pirilampos no céu negro dos dias difíceis
e os sinais de luz, aqueles sinais de luz, apenas atraíam a sonâmbula liberdade
dos poemas voluntários.
e os poemas, esses mesmos poemas, eram metricamente selvagens e anónimos
e esmagavam-se, volatizavam-se, derrotavam-se
quase sozinhos no ar
como se tivessem línguas, setas, balas, mísseis
a desfazerem-lhes as entranhas.
as pessoas, todas as pessoas de então
morriam dia-a-dia como se fossem
cavalos imaginários, curriculares e emblemáticos
de um estranho picadeiro farpado pela escuridão
de madressilvas moribundas.
era assim naquele tempo
um tempo em que “saudade” era uma palavra fortíssima
com um um sabor fardado
de lágrimas que não queríamos.
depois chegou abril
e as memórias adormeceram nos sofás confortáveis
da liberdade experimental.
não.
naquele tempo era o “não” que reinava
por toda a parte das nossas partes
nuas e policiadas
pelos ventos grafíticos da noite.
e nos vãos de escada aprontavam-se as revoltas
que o não foram
nem o são hoje.
Desorientados no tempo e no espaço.
Eu sei o que se passa, eu compreendo! Procurais alguma bondade e educação no PS 2011, algum nexo de causalidade, um princípio, fins, uma ponta por onde se lhe pegue, ides voltar outra vez nele, é o que é! Foda-se!
-//-
Este país, velho aluno prodígio da Europa, durante anos foi pioneiro na globalização mais global, senão vejamos: que comprar, que comprar? Apple - USA; Nokia - Finland; Samsung - South Korea; BMW - Germany.
Entretanto, que vendemos? Um papel higiénico - Renova, como nenhum outro no mundo! It´s a start, que a globalização nos comece a conhecer pelo papel que lhes vendemos para limpar o...
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Os Diplomados.
terça-feira, 19 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Uma situação que atrapalha...
Neste tempo que vivemos o populismo espreita ao virar da esquina. Mas... e Fernando Nobre?
Não conheço pessoalmente Fernando Nobre. Temos a mesma profissão. Ele é cirurgião, eu sou internista. Quem fez ao nível da solidariedade médica o que até hoje Fernando Nobre (FN) fez, não pode ser má pessoa. Quem conseguiu fazer tudo o que ele já fez, não é um pensador meditabundo que se perde a remoer e refazer os raciocínios sobre que caminhos tomar. E, algures, FN, cansado de ter intervenções periféricas, "decorativas", na política portuguesa, decidiu que ia salvar o seu país. Nem mais. Deus nos livre...
Quem já apoiou gente desde o PSD até ao BE, não prima pelo rigor ideológico. Aliás, consta que, "com franqueza", ainda não leu o programa eleitoral do partido que o fez 1º candidato por Lisboa...
Nestes tempos de completa fulanização da política, a salvação só poderá vir com a reinvenção ideológica do espaço político que nos resta, que a Europa nos permite... A história da política está feita com nomes de pessoas que interpretaram ideias, a palavra-mãe sendo esta, a ideia que se constrói e tem para que um povo melhor conviva e cresça consigo próprio, e com os demais! Fernando Nobre tem menos ideologia do que tinha há noventa anos Sidónio Pais!
Esta "candidatura" de FN em nada ajuda o PSD, aliás cheira a "disfarce mal atamancado" de um partido muito neoliberal que quer pescar votos no centro-esquerda.
No que diz respeito a Fernando Nobre, politicamente hoje é um nado-morto. Esta campanha eleitoral vai ser um suplício. Pudesse eu ir para o estrangeiro bem longe enquanto...
Não uma moeda de cem escudos qualquer...
Mas, porquê aquela moeda de cem escudos comemorativa de uma revolução havida vinte e quatro anos e oito meses antes do nascimento da Catarina? E logo na semana em que o Otelo veio a terreiro dizer que "Hoje, não voltava a fazer a revolução!"? Ainda bem que o amigo Vasco Lourenço o desmentiu mas, mesmo assim? Tão mal nos comportámos nestes trinta e sete anos? É este país um país de maiorias silenciosas, sabemos bem, e o meu amigo Carneiro, o que ofereceu a moeda pretexto destas considerações, pertencerá a essa maioria silenciosa que sabe e sente que, apesar de tudo, desta merda toda, douta ou não douta, que nos rodeia, Jorge de Sena dixit, o 25 de Abril teve o seu lugar e o seu cabimento, e ainda bem que aconteceu. Aliás, lembrar como eram as coisas antes dessa data pode ajudar um pouco, até porque o "Conta-me como foi" do Miguel Guilherme e da Rita Blanco oferece um retrato demasiado lisboeta e brando da coisa...
Portugal era, há quarenta anos, com a honrosa excepção da Albânia, a economia mais atrasada do continente Europeu. O nosso PIB per capita era inferior ao de qualquer país do leste. Ao mesmo tempo, eramos também o povo menos qualificado do continente, talvez com a mesma - mas não confirmada - excepção: a mais baixa taxa de alfabetização para não falar da de licenciados, etc.
Na chamada primavera marcelista, onde se tentou - com dinheiro do estado em parte com origem no petróleo angolano - dar um empurrão à economia portuguesa, inventou-se Sines - era a "porta europeia para o petróleo de Angola" - e falava-se já em Alqueva para um "novo Alentejo" e Rio Frio como o sucessor da Portela de Sacavém. O plano de Auto-Estradas, a ser executado em dez-quinze anos, imitava o de hoje sem as redundâncias. Esta utopia, baseada em dinheiro "alheio", e com três guerras africanas no quintal, morreu a 25 de Abril de 74. Entre outras coisas porque em Maio de 74 o salário mínimo subiu para... 3300 esc.! Sim, grande parte da economia portuguesa acontecia porque os salários eram uma miséria... Quando os quartéis acalmaram, os soldados foram para os campos e montes ensinar a... ler!
Portugal entrou para um mundo de moeda forte - o euro - cedo demais. Nem sei como aguentámos tanto tempo. No que diz respeito ao nº de licenciados ultrapassámos a Turquia há meia dúzia de anos... Sobre a qualidade de todas estas licenciaturas, não serei a pessoa mais qualificada para me pronunciar. Enquanto isto, a Grande Lisboa é hoje por hoje a região europeia com mais densidade de auto-estradas por km2. O quilómetro zero, que em Espanha fica nas Puertas del Sol de Madrid, cá fica ali entre o Estádio da Luz e o Colombo. Servimos e compramos, em isto se resume hoje a nossa economia. Podíamos ter feito melhor?
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Thank God For The New York Times...
segunda-feira, 11 de abril de 2011
uma historia da carochinha
era uma vez um banco que ficou com as pernas podres.
e esse banco, quando estava quase, quase, quase a cair
pediu, implorou, reimplorou que o ajudassem.
ora, havia, por ali, um marceneiro, quase, quase, quase louco
que disse que sim
e ofereceu-lhe toda a madeira necessária
para que o banco não caísse.
depois, o marceneiro montou o seu cavalo
e foi, foi reino fora ao encontro do povo e recolheu impostos, taxas, coimas
e outras ganâncias manchadas que ficaram para durar.
o banco, mais forte e mais sólido
assistiu impassível a todas as inquietudes difíceis do povo
e disse que não aos pedidos e às perguntas dos dias difíceis.
agora, mesmo que o marceneiro, quase, quase, quase louco, monte o seu cavalo
e vá, reino adentro ao encontro das múmias e dos fantasmas
não vai, nunca, conseguir chegar onde quer que seja.
o povo há muito que já não mora aqui
e o banco é, hoje, um cão negro, manco e pulguento
cheio de sarna e de raivas caríssimas
a precisar urgentemente de um bom veterinário
ou, quem sabe, de um canil sem mordomias.
Jornal “Maia Hoje”, 08.04.2011
sábado, 9 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
O que os portugueses aprenderam entretanto?
(à porta da escola da minha filha, agora mesmo).
A primeira declaração de voto - e última!
O PEC IV devia ter sido viabilizado - mercado oblige - com os votos de PSD, e com o compromisso assumido de dissolução da Assembleia da República imediatamente após, e eleições. Parece que na Irlanda aconteceu uma coisa assim.
Este compromisso, se bem explicado, iria parecer a todos óbvio, e consensual. Quem dele discordasse seria fortemente penalizado nas urnas. E a Europa que hoje nos governa respiraria aliviada. Poderiamos até eventualmente escapar a Strauss-Kahn, que é como quem diz, ao FMI.
A cegueira tripartida, socialista, socialdemocrata e cavaquista, tramou-nos e bem. O FMI é, apenas e só, apertar (mais ainda) o cinto aos mesmos. Não compete ao estrangeiro vir a Portugal fazer a decapagem dos "jobs for the boys", desenganem-se. Strauss-Kahn pode ser socialista em França, mas no FMI para nada o é.
Sócrates, por outro lado, já sabemos, é o que é. Mas Pedro Passos Coelho também não sai bem nesta fotografia. Não é figurante para ser figura de um Estado que se quer digno. O nosso, por ex. A gula pelo poder, as musas neoliberais, a tentação de vender mais Portugal como se venda de garagem fosse, falaram mais alto. Este PSD em maioria absoluta - que não vai acontecer - daria que falar, e anularia o CDS por desnecessário...
Finalmente, Cavaco Silva. A ultima vez que teve um pensamento original e útil a este país foi... bom, na verdade não me lembro quando foi. A sua irrelevância confirma-se. O seu lugar na história adivinha-se cada vez mais.
Falei não há muito tempo do bloco central PS/PSD. Não estava a falar nem deste PS nem deste PSD.
Estamos bem arranjados!
sábado, 2 de abril de 2011
It's the economy, stupid!
Embora o PPC o negue...