segunda-feira, 14 de maio de 2012

o cuspe




a conclusão é simples: somos uma merda de povo eternamente à espera de melhores dias e as informações que chegam via noticiário das oito dizem que só no próximo degelo serão permitidos alguns sorrisos e alegrias.

até lá seremos obrigados a levar com todos os cinzentos  medinas deste império de ignorantes devedores e nós criaturas de honestidade duvidosa expiaremos a ferro e fogo todos os pecados do mundo que afinal não é o nosso mundo aquele mundo que nos ensinaram éramos nós umas crianças.

os agoirentos medinas decretaram que a tristeza fosse veste obrigatória aos dias de semana domingos e feriados e que todas as praças lusitanas deveriam abster-se de albergar qualquer tipo de comemoração e aos jardins deveriam ser proibidas as flores qualquer tipo de flores ou árvores qualquer tipo de árvores.

a conclusão é simples: somos uma merda de povo eternamente desejoso de ser autêntico e tranquilo mas esquecemo-nos amiúde de pagar todas as dívidas de todas as gentes que não nós mesmo a dos sapientes medinas e de todos os quejandos que um dia vejam só até já foram governantes e contribuíram com a sua lucidez para todas estas manias de exacerbar tudo o que é mau e cuspir em todos os indícios de genialidade e de sobrevivência em que nós os caloteiros teimamos investir.

Rodapé

Na semana passada passava em rodapé num noticiário da RTP1 que "a igreja abdicou do corpo de deus e de todos os santos"! Humm...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Primeiro de Maio no Pingo Doce.

Alguém ultrapassou os limites. A resposta é simples. Não penso voltar a comprar no Pingo Doce. Ainda bem que abriu aquele Continente catita em Ramalde...

terça-feira, 1 de maio de 2012

Do direito à greve.

Iremos falar um dia destes...

Do Vinte e Cinco de Abril - dois.

Dantes é que era bom aplica-se á praia do Furadouro e a poucas mais coisas. Porque eu acho que o Vinte e Cinco de Abril foi impecável, e passo a explicar. Pudemos eleger em livres eleições Durão Barroso e José Sócrates e Pedro Passsos Coelho. Inventámos Cavaco Silva, Mário Lino, Pina Moura e Vitor Gaspar. Pusemos o Eduardo Catroga a viver da mais cara sopa dos pobres da Europa. Mas também quase colocámos o Miguel Esteves Cardoso no Parlamento Europeu (depois foi outro MIguel...) e demos uma vitória santa a Sá Carneiro, e derrotámos Soares Carneiro e Freitas do Amaral mais seu sobretudo verde azeitona. Gostamos e não gostamos do Mário Soares, o que me parece justo. Sem o Vinte e Cinco de Abril não teria sido possível o Independente nem a Kappa, o Ar de Rock nem 1º disco do Abrunhosa, a Gabriela nem o Casarão, e Herman José teria emigrado. Tivemos direito à Casa Pia e a inúmeros casos de corrupção imensa que, pelo menos, entreabertos foram, e eu ainda acredito que o gajo de Oeiras - o concelho com maior qualidade de vida do país - irá de cana! Antes, a corrupção não era necessária, bastava o cartão da União Nacional e serem os ordenados uma espécie de RSI universal integrado. A 5 de Maio de 1974 o ordenado mínimo nacional passou para... 16,5 euros! Antes, não havia. E as mulhers só se ausentavam do país com permissão do marido, e só votaram pela primeira vez em 1969, e facultativamente, o marido podia representá-las. Enfim ,devemos ao Vinte e Cinco de Abril sermos hoje um país assim como que para o normal, com a Mariza, os Deolinda e o Rui Reininho, e as telenovelas da TVI, com um prémio Nobel que poucos leram que morreu apaixonado por uma espanhola e uma fundação Champalimaud para a ciência médica que é dos melhores lugares na Europa onde trabalhar - vista para o rio - mas que muito poucos portugueses algum dia irá tratar. Destruimos o Algarve (hotéis) e o Minho (fábricas, casas), ficou Trás-Os-Montes e o Alentejo. Emigrámos, voltámos, retornámos, estamos outra vez a sair mas hoje é diferente...
Agora, como país normal que somos, temos de ver que a coisa não piore, e que um dia nos transformemos num país bom...

Do Primeiro de Maio.

Ainda aqui há dias ouvi, de uma conhecida, à porta da escola onde esperava a minha filha, a piada do costume: "a Bilinha perguntou-me se o primeiro de maio era o dia dos trabalhadores porque é que ninguém trabalhava, e eu não soube o que responder-lhe!".
Ultrapassado o sorriso de circunstância botânica, minha cara conhecida, aqui vai uma explicação, porque todo eu sou ajuda. Em 1886, em Chicago, uns valentes rapazes estavam a manifestar-se - bons tempos, manifestações! - por uma utopia - 8 horas de trabalho, 8 horas de lazer, 8 horas de descanso. Morreram umas dezenas, abatidas pela polícia. Era um de Maio. O feriado foi sugerido no início do século XX e é cumprido em mais de 80 países. Em muitos mais há um "dia do trabalhador" em data diferente, geralmente assinalando eventos similares mas que ocorreram no respectivo país.
Sempre o jogo foi desequilibrado, entre o assalariado e o patrão, o dono, sempre foi desequilibrado. E o equilíbrio actual, que em grave perigo anda, foi conseguido em dias como aquele, por isso o celebramos. Andamos preocupados pelo perigo que um direito corre nestes dias: o direito ao trabalho. Lembremo-nos também que outro direito não deve soçobrar, o direito a não trabalhar, a descansar, a disfrutar da vida, a dormir porque a vida o pede, porque o trabalho, o corpo, a mente e o coração sugerem, exigem, só se entendem com limites. Estes limites pedem hoje activamente uma defesa firme.
Ontem fui ao Pingo Doce sacar um jantar e um almoço. Um cartaz de metro por metro e meio avisava que hoje, um de Maio, a loja estava aberta. "Visite-nos!", dizia. Mas a visita não era ao Sr. Jerónimo Martins, por quem tenho aliás muito respeito, mas sim aos seus pobres trabalhadores...