domingo, 25 de setembro de 2011

E a Grécia? E Portugal?

As anedotas sucedem-se: que os funcionários públicos tinham um bónus por chegar... a horas. Que um hospital com três dezenas de árvores e meia dúzia de canteiros tinha duas dúzias de... jardineiros. As anedotas sucedem-se.

Portugal tem a medalha de prata no risco de falência. As acções do BCP  estão a dezoito cêntimos. Onde estão as anedotas portuguesas? Não se dará o paradoxo que a falta de anedotas por cá configura um quadro - nosso - de ainda maior gravidade? Sem bónus para cortar, sem jardineiros para demitir... sobram os ordenados, nós mesmos...

AJJ

Como em muitas outras situações, uma coisa é ter piada, outra é ser filho da puta. Calha que Alberto João Jardim acumula, mas pendendo cada vez mais e mais para a filha-da-putice.
A Madeira já há um certo tempo que deixou de ser um jardim, pois muito cimento tem levado em cima. É altura de a Madeira - que é uma democracia - decidir se quer deixar de ser... do Jardim!

Tenho andado meio desaparecido...

Bom, é verdade, tenho andado meio desaparecido. Ainda bem: o mundo está uma merda. Vou só dizer uns quantos nomes para explicar: Alberto João (Jardim), Vítor (Gaspar), Angela (Merkel), Dominique (Strauss- Kahn). Escrever sobre estes? Meus caros amigos, acreditem, tenho bem mais que fazer.
E, também, porque não sobejam palavras para escrever adequadamente sobre estes elementos. Como ultrapassá-los com o mínimo de dignidade?
Alberto João parece nome de padre sodomita e sodomizados temos sido todos nós, ano após ano, com maior ou menor largura de pau, segundo a versão das contas. O Vítor é o típico menino-bem que chegou para mandar no recreio, e mandar, e mandar, e mandar, tome por onde tomar. O Ângela nem é Jolie - é por sinal bem feia - nem me parece particularmente inteligente, ou seja, em público não demonstra, e lá por casa também não teve entreter uma conversa de jeito. Mulher que me mande no dinheiro não devia servir para me adormecer de aborrecimento. O senhor Dominique, o senhor Dominique, à pergunta se teria futuro político respondeu: "on vera!". O senhor Dominique define a esquerda actual: ele há duas, a primeira sem rumo, a segunda sem vergonha; ele pertence obviamente à segunda.

Ainda em França ia-me esquecendo do petit Nicolas... Aos pulos e aos saltos engravidou Carla (querem que vos faça um desenho?). E assim nos tem entretidos a nós franceses, enquanto a extrema-direita na 2ª geração Le Pen vai ganhando terreno e votos, em França como em todo o lado...

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

o caruncho



e eis que o caruncho emerge
da tábua
escarafunchada
pelo vento agreste
deste barraco lusitano.

mais um
depois de tantos
bichos
a esburacar
este interior a  cair de podre
como caca de quintal
ao abandono.

de buraco em buraco
esta praga portuguesa
de trafulhas
escorre em pesadelo
irremediável
alheia à vergonha que não temos.

por isso
avisem os fungos:

estamos disponíveis
para naufragar.


nelson ferraz in “Maia Hoje”, 23.09.2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

VOILÁ


Este ano a rentrée não tem a mesma definição dos anos anteriores. Perdeu-se a espectacularidade de outros tempos em que os líderes políticos (prós e contras) semeavam promessas de milagres pelos quatro cantos desse país mal pousavam a toalha e o guarda-sol.

Este ano a coisa esteve diferente porque o povo ficou com a sensação de que toda essa gente nem teve férias nem deu férias aos outros que aturam os seus desígnios.

Assim:

1.       Partidos do governo

Ninguém saiu do seu lugar, nem mesmo para aquela mijinha do costume que tem lugar após a votação de um projecto, da justificação de um cambalacho ou da redacção de um novo imposto.
Nas entrelinhas leu-se um Passos Coelho muito calado, um Vítor Gaspar fazendo teses atrás de teses sobre como acabar (com classe) com a classe média, Cristas cada vez mais baralhada com o baralho dos ministérios, Álvaro Pereira superstar e Nuno Crato preparado para ser chamado ao quadro sem se esticar.
Portas não se abriu muito e, à custa disso, também não houve correntes de ar.


2.       Partidos da oposição
Estiveram entretidos a contrariar tudo o que saiu do laranjal, mesmo quando as laranjas foram limões como o do iva.
Tirando o PS a quem, para já, ninguém quer dar ouvidos, os outros tem sido mais do mesmo e sobrevivem agarrando-se uns aos outros sem se agarrar, isto é, criticam, criticam e quando estão de acordo, buscam diferenças entre eles.
Este tique antigo enfraquece-os, ano após ano, sem que não haja rentrée que os safe.

Este ano a rentrée é apenas um voilá, como diria Jacques de la Palice.



Nelson Ferraz in “Gondomar Económico”, Setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

O profissional de hoje.

Eu explico: ele é jovem, pois é de hoje. O menos jovem já é de ontem, pois tem a cabeça formatada por coisas antigas que já não servem, como lealdade, esforço desinteressado, vontade honesta de aprender ainda ou de partilhar o que já aprendeu. O profissional de hoje não é leal porque essa coisa hoje em dia não tem cabimento. Pisar um que outro pé é como ir ao ginásio. Ultrapassar pela direita, ou melhor, por cima, aprende-se na escola. Antigamente nem um lápis, hoje roubam-se clientes, casos, ficheiros, informações, you name it. O profissional de hoje assim costuma ir longe. Mas só assim. Porque o profissional de hoje na essência é burro. Não dá para falar com ele. Não acrescenta, não sobe a maré quando ele entra na sala. Mas quando ele entra na sala, atenção, é melhor fechar as gavetas à chave porque ele vai começar com aquela conversa mole de funcionário esperto onde nada se diz nem se oferece, à espera que a impaciência do profissional de ontem com a merda derramada, o esterco providenciado, leve ao deslize, e algo de importante saia. E aí, o profissional de hoje começa a aplicar o seu uppercut mental, roda, retira, mira e encesta, e faz mais um negócio espectacular, sempre à vista do seu superior que por acaso ia a passar, e acaba por ir para casa mais cedo, embora lamentando sinceramente (é sempre sinceramente que ele lamenta), mas, enfim, morar providencialmente longe, tu, compreendes, não compreendes? O profissional de ontem só pode compreender, afinal, por alguma razão ainda por ali anda, algum defeito terá, "só pode portanto ser ainda mais burro do que eu, logo..."

Fora da Box, epis. 3.

Como a presença do P Futre tinha anunciado, o 3º episódio do "fenómeno" Fora da Box é fraquito...

Outra vez, Vitorino?

É possível, porque tudo é possível, que o congresso do PS não desse para mais. Mas a emoção, meus senhores, a emoção, perverte a boa visão dos acontecimentos, e diverte quem do exterior constata o quanto entretida foi a reunião, tão entretida quanto inútil...

Senão, vejamos: Soares vs Vitorino para discutir o futuro do PS e, "já que cá estamos", da Europa. Bom, Soares foi muito aplaudido, simbolicamente ele voltou, ele voltou. Na prática não disse nada de jeito, mas o objectivo nem seria esse: ele voltou, a caução foi feita. E Vitorino? Atenção, muita atenção, ele falou da Europa! E que disse? Disse que este governo deve "renegociar os fundos". Este governo já está a negociar os fundos, as traseiras, a frontaria da casa, eu acho que vai tudo a eito. Money is the game and there is never enough! Para variar, António Vitorino renegociou... "os dinheiros". A Europa só pode ser mais do que os dinheiros, mas... esperemos sentados que este mimoso personagem se pronuncie sobre isso.

sábado, 10 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O fundamentalista Islâmico que não o é.

A entrevista de ontem de Vitor Gaspar ao Público diz aquilo que já todos sabíamos. Trucidados pela Madeira e pelo BPN, é mais rápido subir impostos do que cortar despesa, e, como sabemos, quem diz Agosto diz fim do ano, e os 5,9% estão a bater à porta. Logo, o trabalho português já tem das maiores cargas fiscais da Europa, pelo que sei.
Agora vejamos: eu sei que Vitor Gaspar não pertenceu ao think tank de Passos Coelho no peri-eleitoral. Esse think tank, vulgo Nogueira Leite, era bem mais fundamental (para ele) na CGD do que na RP (república portuguesa). Mas as contas para "cortar as gorduras do Estado" já não estavam feitas? O Nogueira Leite não podia ter passado os seus apontamentos ao Vitinho?
Não, Vitor Gaspar não é  islâmico, mas é um Plano B com uma missão: 5,9%. e VAI CUMPRI-LA! Fodendo-nos a todos, a uns mais que a outros...

Mach-zé


Mach 3 pode ser:
- o triplo da velocidade a que o som se desloca no ar (3x344 m/s ou 3x1238,4 km/h)
- um conhecido modelo da Gillette
ou
- a rapidez com que o governo aumenta as dificuldades em ser-se português.

os impostos, por exemplo, sucedem-se ao ritmo de uma final de 100m planos
e
dia após dia
vão-se transformando numa estafeta inglória de 400m obstáculos
onde os atletas caiem
como tordos
à vista das metas que
segundo a segundo
são afastadas do seu lugar
numa batota planeada pelos juízes de circunstância.

Mach 0,0000000950 é:
- o tempo que o ministro das finanças demora a ditar os novos sacrifícios
- a dizer o quanto vamos estar lixados
- a falar seja do que for

Assim

uma conferência com dois parágrafos ditos em duas horas e meia
dá origem
1 “cagagésimo” de segundo depois
a uma dezena de impostos taxas e outras merdas do costume
com aplicação urgente
e sem explicação anexa.

À conta disto,

Mach-zé poderá vir a ser:
- o súbito aumento da velocidade a que a nossa paciência costuma esgotar-se
ou apenas
- um novo jogo para a play station.


Nelson Ferraz in “Maia Hoje”, 09.09.2011