quarta-feira, 30 de junho de 2010

À dúzia não é mais barato

Parece que vem aí outro candidato à Presidência da República que parece que defende (vai defender) as mesmas coisas bonitas que parecem ficar bem dizer quando se quer parecer bem.
Mas... isso de ir á procura do centro... hum... parece-me... enfim...




sábado, 26 de junho de 2010

Providência cautelar.

Para que por lei seja proibido, neste país para todo o sempre, aplicar a uma qualquer rua, beco, bairro, praça de touros ou centro de saúde um dos seguintes nomes:

António Guterres; José Manuel Durão Barroso; José Sócrates; Jorge Coelho; António Vitorino; António Costa; Rui Rio.

Mande-se publicar e faça-se cumprir.

SCUT's

Este PS é o máximo! Ai é para todos pagarem? Seja! Mas continuamos a a querer conhecer-vos bem, portanto não abdicamos do chip implantado atrás da orelha... ah, não é na orelha é no veículo, dá no mesmo, diz-me por onde andas dir-te-ei quem és (e o que me deves...)!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

AS CANAS

João chegou, de bicicleta, depois de António sair.
- Pedro, a seguir és tu!
Já o sabia, disse ele. E afastou-se, comendo farturas.

A cascata é íngreme, musgosa e cheia de carneiros. A banda toca marchas de enfiada e os músicos são azuis como os populares.
O homem dos chouriços, pintado de laranja, foi coroado pelo moleiro branco e há patos, às riscas, entre os canaviais de palha e os manjericos às tranças. A água vai benzendo, molhadamente, as margens barulhentas da romaria enquanto os balões descem, entre as nuvens de silicone deficitário e os olhos esbugalhados dos parolos.

- Alguém viu o padre cor-de-rosa? E o pastor de cores baças? E os peixes cinzentos? E os tachos dourados? E as louças vermelhas?

Ninguém responde à pergunta de João.

- Alguém quer caldo verde?
Todos querem, João.

Pedro está pensativo, faz uma quase-estratégica dieta.

- Daqui a nada, vais comer a sério, Pedro. Deixa sair aquele senhor!

Pedro, pensativo, sorri, com voz grave, para a roulote vermelha e verde.

E agora, Zé? Onde estarão, daqui a nada, as tuas canas negras, outrora foguetes, neste espaço poucochinho entre os folhos das festas?

Saramago e a política das coisas simples

Dele, de Saramago, poderá dizer-se o que ele próprio disse:

"... Cegos. O aprendiz pensou: "Estamos cegos", e sentou-se a escrever o Ensaio sobre a Cegueira para recordar a quem o viesse a ler que usamos perversamente a razão quando humilhamos a vida, que a dignidade do ser humano é todos os dias insultada pelos poderosos do nosso mundo, que a mentira universal tomou o lugar das verdades plurais, que o homem deixou de respeitar-se a si mesmo quando perdeu o respeito que devia ao seu semelhante. Depois, o aprendiz, como se tentasse exorcizar os monstros engendrados pela cegueira da razão, pôs-se a escrever a mais simples de todas as histórias: uma pessoa que vai à procura de outra pessoa apenas porque compreendeu que a vida não tem nada mais importante que pedir a um ser humano. O livro chama-se "Todos os Nomes". Não escritos, todos os nossos nomes estão lá. Os nomes dos vivos e os nomes dos mortos.Termino. A voz que leu estas páginas quis ser o eco das vozes conjuntas das minhas personagens. Não tenho, a bem dizer, mais voz que a voz que elas tiverem. Perdoai-me se vos pareceu pouco isto que para mim é tudo."

em Estocolmo, 7 de Outubro de 1998


sábado, 19 de junho de 2010

Esclarecimento

Parece que o relatório-que-o-PSD-aprovou não afirma taxativamente que Sócrates mentiu e portanto, não há censura.

Lá chegaremos, lá chegaremos.
Afirma porém "axativamente" que ele "entiu"! Certo?

Qualquer mini-merda e vai um "t". Mais mini-merda e vai um "m"...

The Economist says...

Que as coisas, as coisas não estão nada bem dos dois lados do Atlântico...


Nós e os outros.

O que aí vai de indignação com a polícia luxemburguesa! E toda uma onda de solidariedade com o pessoal do Afeganistão, Paquistão, Iraque, Nigéria, Turquia...
Queríamos era ser luxemburgueses, aliás bem que tentamos mas nada, não há maneira...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Confirma-se a suspeita: o ridículo não mata.

Rui Pedro Soares comparou a comissão de inquérito parlamentar ao tribunal da Inquisição. O Rui está a pedir que o sujeitem à tortura do torno, depois vai a da mesa que estica e finalmente a dos dois cavalos espantados. Ao apanhar os bocados sobrantes do que algum dia foi Rui Pedro Soares aí poderemos suspirar e dizer confirmatoriamente: "Vês, eu bem te disse, até parecia, tipo aqueles gajos da Inquisição, ou isso, tipo!"
Entretanto, o PSD vai votar favoravelmente o relatório da dita demoníaca comissão. Eu acho que o PSD mal leu o relatório. Agora Sócrates vai ter sobre si a espada de Dâmocles da "mentira". Ou melhor, várias espadas - o oráculo Pereira ouviu as escutas... - que a qualquer momento, mal a crise abrande só um pouquinho, podem juntar-se numa moção de censura, assim as sondagens continuem a apontar.
Afinal, é só uma questão de tempo até PPC ser primeiro-ministro.

P.S.: os patrões de Portugal são de uma originalidade que só compete, no campo oposto, com igual grau de originalidade dos dirigentes sindicais. Os patrões querem baixar salários e despedir à vontade. Os sindicatos querem subir os salários e que ninguém seja despedido!
A tortura dos dois cavalos consistia em amarrar os pés do preso à cauda de um cavalo e os pulsos à cauda do outro cavalo. Depois espantavam-se os cavalos em direcções opostas...  o Rui Pedro diz que experimentou e achou um doce!
Mais difícil é amarrar todo um País pelas extremidades aos dois cavalos, mas se calhar consegue-se...

domingo, 13 de junho de 2010

Algures na A4, sentido Matosinhos-Vila Real


À semelhança do que se passa na política:
1. Não há concertação

2. As opções são várias

3. Estamos muito bem servidos


Canavilhas "Bandarilhas" e a Vogue portuguesa de Julho

Gabriela Canavilhas tem andado nas bocas de algum mundo por ter tido algumas posições pro-tauromáquicas, algo sobre o qual não me pronunciarei. Agora vou sim falar sobre a sua sessão de fotos para a Vogue portuga, a sair em Julho. É que não tenho nada em contra. Nada! Outra coisa é saber quem ganha com a coisa, porque não fosse ela ministra nossa e fotos, de grilo...

Van Rompuy? Quem é esse gajo?

O dedo aponta onde está Van Rompuy na recente conferência sobre segurança nuclear em Washington. Enfim, não é grave, Angela Merkel é fácil de encontrar, em vermelho, no canto oposto. Ela porém teve direito a private Obama, Van Rompuy apertou-lhe a mão e chega.
Mais importante, muito mais, é nunca por nunca ter ouvido Van Rompuy falar sobre esta nossa crise da dívida soberana, do euro, etc., etc. Ou se calhar ele até tem falado mas ninguém liga portanto eu não chego a saber que ele falou...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

disparate

estamos inertes numa euforia remota de sequências fugazes
esgotadas no absoluto disparate das reflexões estratégicas
e impostas da cidadania difícil como escarpas

temos connosco a doutrina simbólica dos contornos decifrados
das coligações entre deuses e heróis que num erro incansável e repetido
abrem covas no perfil transitório das cerimónias habituais
e desinteressantes do quotidiano fantasmagórico

não sei quando iremos aprender uma nova forma de existir
sem nos habituarmos à ideia submissa dos profetas inteiros
que nos obrigam a uma conduta de bobos sem memória

somos o disparate amedrontado das questões entre vírgulas
e das ideias fraquíssimas que continuamos a deixar morrer
em berços de projecto incómodo como lâminas

olhamos para todos os lados em busca de uma festa
capaz de construir uma alegria breve que seja
perguntamos a toda a gente pelos contentamentos simples
e fundamentais do sujeito em desespero
e a resposta chega a galope no silêncio barulhento e anormal
das criaturas oblíquas e parlamentares
a quem ainda não conseguimos dizer adeus


Nelson Ferraz, in “Maia Hoje”, 11 de Junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um pateta que não me alegra.

Este ministro Vieira da Silva tem uma compulsão para o disparate. Aliás, este governo é por todo compulso. O Primeiro-ministro é para a mentira. O ministro das Finanças é para o torniquete. Enfim... Vieira da Silva é para o disparate.
O nosso Presidente, o Cavaco, dentro da modéstia que o atinge com frequência, foi lembrando que seria patriótico fazer férias cá dentro. Felizmente não referiu as enxurradas da Madeira, tipo Bibá Pitta... Vai daí o nosso Vieira da Silva disse: "alto lá, melhor estarmos caladinhos e até ir um pouquito ao estrangeiro para envergonhar o mesmo e ele se sentir coagido a vir de férias para Portugal. Senão, ele não nos vê por lá e esquece-se de vir cá... e a balança turística fica-nos desfavorávelllllll......" Foda-se! Calem-me este gajo que eu já não posso mais!
Uma coisa é o nosso Presidentezinho falar das fériazinhas no Portugalzinho.
Outra coisa é um ministro cagão!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

conversas

não é só árido este atalho de contrastes
que nasce com remendos de pronúncia íntima
quase pérola

não é só propaganda esta forma de ser adepto
do caos utópico das piadas imprevistas
da política e das coisas desniveladas

é que torna-se difícil sobreviver sem palavrões vulgares
e sem peritos impressionistas e voluntários
aos improvisos lineares e sonâmbulos das notícias
navegantes
nestes dias ficcionados

avisei-te sobre as diferenças do género difuso das máscaras
entre o além da consciência e o aquém das balas e das mesas vazias
como ausências quase nossas às vezes

já viste? deitamos governos abaixo com o afinco
intelectual das pessoas invulgares que não sossegam
entre dois pisos de senilidade

tens razão: precisamos urgentemente
dos votos de toda a gente por aí
temos de ser simpáticos e audazes


ou então podemos ficar contentes com as construções
mecânicas e manuais
da incontinência psíquica que volatiliza as chávenas
onde nunca deixamos que as palavras
arrefeçam.

Nelson Ferraz, in “Gondomar Económico”, Junho de 2010

Eu gostava

era que algum político português fizesse um esforço para ajudar os portugueses a serem mais felizes...